O cenário da mídia digital vive uma transformação sísmica. Com a ascensão do Google Discover e a iminente onipresença da Inteligência Artificial (IA), os portais de notícias precisam se reinventar. O tráfego, as estratégias de monetização e até a própria forma de produzir conteúdo estão sendo redefinidos.
Para estrear nossa categoria de entrevistas, conversamos com um especialista da Nomadic, Nicolás Billia, uma agência com profundo conhecimento em SEO para veículos de mídia na América Latina, para entender as mudanças e vislumbrar o futuro.
Neste conteúdo, abordaremos a primeira parte da entrevista relacionada com a relevância do Discover para portais de notícias.
O domínio do Discover
A chegada do Google Discover marcou um antes e depois na distribuição de notícias. “Creio que o mercado de Mídia com a chegada do Discover vem com uma mudança radical desde por volta de 2021 e 2022”, afirma o especialista. A razão? Um claro custo de oportunidade: “um conteúdo no Discover pode gerar 500.000 cliques, o que é mais ou menos o tráfego de 10 notas evergreen de 50.000, com todo o trabalho que manter as evergreen implica”.
Um estudo da Nomadic com mais de 35 veículos demonstrou a força do Discover: “somando cliques de Search, Discover e Google News, vimos que 70% dos cliques totais provêm do Google Discover, 26% de Search e os 4% restantes vêm do Google News App, o que denota o quão ínfimo é o impacto desta última fonte”.
Embora o Search ainda seja crucial para a cobertura de breaking news, a ascensão das AI Overviews (AIO) e dos Large Language Models (LLMs) como fontes de consulta deve “seguir em baixa no tráfego Search de evergreen, como todo o tráfego informacional”. Nesse contexto, o especialista vê o Discover como “o paliativo para contornar esta baixa de tráfego no Search e como uma fonte interessante para os meios para novas estratégias de venda direta com anunciantes”.
O que isso significa na prática?
Como mostramos, no mercado de SEO, é comum uma série de conceitos que são válidos apenas para e-commerce. Essa visão e-commerce first desconsidera, por exemplo, que boa parte dos portais de conteúdo precisem apostar em Discover, sobretudo, como forma de sobrevivência.
Como Nicollás apontou, além do Discover responder por uma fatia grande do tráfego, ele é de um tipo mais simples, uma vez que os conteúdos para Discover requerem menos trabalho para ser criado.
Se, por um lado, está claro que o futuro em curto e médio prazo passa pelo Discover, não está tão claro assim o que acontecerá com o mercado brasileiro. Em abril, diversos players não só caíram em seu tráfego, como perderam praticamente tudo que tinham conquistado.
Nos próximos dias, continuaremos com a entrevista com Nicollás, que tratará sobre como otimizar e conseguir mais tráfego com Discover.
Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Noticia, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.