Para muitos profissionais de SEO, o Google Search Console (GSC) é a fonte de verdade, um farol de dados precisos sobre o desempenho de seus sites. No entanto, um estudo recente da Ahrefs revela uma realidade surpreendente: o GSC pode não estar fornecendo a imagem completa.
Você já realizou um filtro e viu que os dados não batiam? Uma vez, por exemplo, fizemos um filtro com e sem marca. Mas, somados, eles não chegavam nem perto do total.
De fato, a ferramenta não mostra o termo de pesquisa para quase metade dos cliques que seu site recebe!
Este estudo abrangente analisou um mês de dados de 146.741 sites, totalizando quase 9 bilhões de cliques. A descoberta chocante? As consultas anônimas representam impressionantes 46,08% de todos os cliques no período analisado.
Vamos aprofundar nos detalhes.
Entendendo os dados ausentes do GSC
A Ahrefs calculou os dados “ausentes” da seguinte forma:
(total de cliques - soma de cliques para todas as palavras-chave) / total de cliques
O estudo mostra uma grande variabilidade na quantidade de dados ausentes entre os sites. Enquanto alguns sites têm todos os seus dados de consulta disponíveis, outros apresentam uma porcentagem extremamente alta de cliques sem termos associados.
- Um site com 100 milhões de cliques, por exemplo, tinha 90,3% de seus dados ausentes.
- Em contraste, outro site com 63 milhões de cliques registrou apenas 2,27% de dados ausentes.
Essa diversidade é evidente em um histograma que mostra a distribuição dos dados ausentes: há muitos sites na média (cerca de metade dos dados ausentes), mas também um grande pico na faixa de 95% a 100% de cliques sem termos. Isso significa que é quase impossível adivinhar quanto dado está faltando em um site específico sem verificar.
Curiosamente, a quantidade de dados ausentes também varia conforme o volume de tráfego do site. Sites com baixo tráfego e sites com muito alto tráfego tendem a ter mais dados ausentes. Os sites com volumes de tráfego intermediários parecem ter menos dados anônimos. A qualidade dos dados geralmente melhora com mais tráfego, mas após cerca de 10 milhões de cliques, a situação começa a piorar consideravelmente.
Observe o nosso próprio caso:
Veja que, embora, a página específica tenha tido 59 impressões, apenas 15 foram registradas. Para piorar, dos 4 cliques obtidos, nenhum deles foi computado.
Como verificar quantos dados estão faltando no seu site
É crucial entender que esses dados foram obtidos via API do GSC, o que permite acesso a todos os dados disponíveis, e não apenas às 1.000 linhas exportáveis da interface. Mesmo assim, a lacuna persiste.
Para verificar a quantidade de dados ausentes do seu próprio site, a maneira mais fácil é usar o conector do GSC no Google Data Studio (agora Looker Studio). A Ahrefs disponibilizou um relatório pré-configurado que você pode copiar:
- Acesse o relatório: Link para o relatório do Data Studio .
- Faça uma cópia: No canto superior direito, clique nos três pontos e selecione “Fazer uma cópia”.
- Selecione sua fonte de dados: No menu suspenso “Nova fonte de dados”, escolha a propriedade do GSC do seu site.
- Crie uma nova fonte (se necessário): Se o seu site não estiver listado, selecione “Criar fonte de dados”, procure por “Search Console” e clique nele.
- Conecte a propriedade: Escolha a propriedade do GSC que deseja usar, selecione “Impressão do site” e depois “Web”. No canto superior direito, clique em “Conectar”.
- Adicione ao relatório: No canto superior direito, clique em “Adicionar ao relatório”.
- Copie o relatório: Clique em “Copiar relatório”.
Você poderá ver a porcentagem de cliques sem termos associados para o seu site nos últimos 12 meses. O próprio Patrick Stox, da Ahrefs, observou que cerca de 48,3% dos cliques em seu site pessoal não tinham termos associados.
Observe que, no nosso caso caso, temos um pouco menos de 2% dos dados.
Por que o Google não mostra todos os dados?
O Google oferece algumas razões para essa discrepância:
- Proteção da privacidade do usuário: O Google afirma que o relatório de desempenho não mostra todos os dados para proteger a privacidade do usuário, como consultas feitas um número muito pequeno de vezes ou aquelas que contêm informações pessoais ou sensíveis.
- Consultas de baixo volume (long-tail keywords): A empresa sugere que algumas consultas são realizadas um número muito pequeno de vezes.
No caso de “Não é Agência”, por exemplo, acreditamos que o fato de ainda estarmos posicionados, principalmente para esta página, em termos de baixa impressão, os dados estão bem faltantes.
Embora a privacidade seja uma preocupação válida, é difícil acreditar que quase metade das pesquisas para tantos sites sejam de natureza “privada”. Isso nos leva à segunda razão: palavras-chave de cauda longa (long-tail keywords). É provável que o Google esteja subestimando o impacto dessas consultas de baixo volume.
Sabemos que 15% de todas as pesquisas no Google nunca foram vistas antes. O Google certamente armazena essas consultas para gerar essa estatística. No entanto, a especulação é que a equipe por trás do GSC pode ter recursos limitados e, portanto, não se preocupa em armazenar ou expor todos esses dados. A extensão dos dados ausentes é, sem dúvida, surpreendente e pode ser um choque para muitos.
Implicações para o seu SEO
A descoberta de que quase metade dos dados do GSC são anônimos tem implicações significativas para as estratégias de SEO:
- Visibilidade limitada: Você não tem uma visão completa de todas as palavras-chave que trazem tráfego para o seu site. Isso pode dificultar a identificação de novas oportunidades de conteúdo e otimização.
- Otimização de cauda longa: A importância das palavras-chave de cauda longa é ainda maior do que se pensava, mas sua visibilidade no GSC é limitada. Ferramentas de terceiros e análise de lacunas de conteúdo se tornam mais cruciais.
- Tomada de decisão: As decisões baseadas exclusivamente nos dados do GSC podem ser incompletas. É fundamental complementar essa análise com outras fontes de dados e ferramentas de SEO.
No nosso caso, por exemplo, estamos totalmente no escuro. Não sabemos de onde vem praticamente nenhum de nossos clicks. Grandes empresas podem até se basear nos dados presentes para tomar decisões. Esse, definitivamente, não é o caso das menores, uma vez que tais informações, normalmente, são a maior parte dos dados.
Em suma, embora o Google Search Console continue sendo uma ferramenta indispensável, é vital reconhecer suas limitações. A compreensão de que uma parte significativa dos seus dados de pesquisa é “anônima” deve moldar sua abordagem de análise e otimização de SEO.
Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Noticia, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.