SEO se preocupa com uso repetido de texto âncora em navegação interna
John Mueller, do Google, respondeu recentemente a uma dúvida sobre navegação interna. Um profissional de SEO estava preocupado que o uso repetido do mesmo texto âncora em quatro seções diferentes do site pudesse comprometer a capacidade de uma página ranquear para determinada palavra-chave.
Link em quatro áreas de navegação
O cenário envolvia um cliente com quatro áreas de navegação: menu principal, links no rodapé, links rápidos na barra lateral e um mini-menu de páginas relacionadas dentro das postagens. Um dos links era repetido nessas quatro seções, sempre com o mesmo texto âncora.
A preocupação do SEO era que essa repetição pudesse gerar uma percepção de uso excessivo ou artificial da palavra-chave, prejudicando a autoridade da página.
Por que os SEOs se preocupam com o excesso de texto âncora?
Essa preocupação não é nova. Desde meados dos anos 2000, profissionais de SEO vêm discutindo o impacto do uso exagerado de texto âncora interno, principalmente após o Google anunciar o uso de análises estatísticas para identificar padrões de links não naturais.
Ao longo do tempo, essa discussão evoluiu para a teoria da “diluição” do texto âncora — a ideia de que repetir demais o mesmo link com a mesma âncora enfraqueceria seu valor. No entanto, o Google nunca confirmou essa teoria.
O que o Google afirmou foi que links repetidos em todo o site têm seu impacto reduzido (ou “amortecido”), contando apenas uma vez em termos de influência, e que eles separam tecnicamente as áreas de uma página, como cabeçalho, menu, conteúdo principal, barra lateral e rodapé.
O histórico dos links em todo o site
Entre 2004 e 2006, o Google começou a amortecer o efeito de links repetidos, tanto externos quanto internos. Na época, havia um mercado ativo de venda de links em todo o site, porque se acreditava que esses links transmitiam mais PageRank. O Google acabou desvalorizando esse tipo de prática, reconhecendo e penalizando links pagos e reduzindo sua influência.
Essas mudanças puderam ser observadas por meio da antiga barra de ferramentas do PageRank, que mostrava claramente a diferença após a atualização.
Por isso, hoje links em todo o site já não são considerados uma boa prática de SEO. Mas não por “diluição”, e sim por não carregarem mais a força que carregavam antes.
Links em todo o site e diluição em 2025
O caso mais recente mostra um SEO preocupado com a “diluição” causada por um texto âncora repetido em diferentes áreas do site.
Mas se o Google já reconhece tecnicamente que elementos como menus, barras laterais e rodapés são seções auxiliares, e se já sabemos que ele conta apenas um link duplicado como válido, então a resposta é clara: não há grande problemanisso.
Um link de navegação global é importante, pois indica que uma página é relevante dentro da estrutura do site. Mas não tem o mesmo peso semântico de um link contextual inserido no conteúdo. Ambos são úteis, mas cumprem funções diferentes.
A dúvida do SEO
O profissional escreveu:
“Um cliente tem quatro áreas de navegação: menu principal, rodapé, links rápidos na lateral e um mini-menu de páginas relacionadas. Isso quadruplicou o perfil de link interno para uma página-chave com uma única âncora.
Algum risco de estarmos enfraquecendo a capacidade de ranquear para essa palavra-chave com esse ‘uso excessivo’?”
Outro usuário respondeu com um link para um artigo sobre arquitetura de site plano — quando todas as páginas do site se interligam diretamente. Essa é uma estrutura antiga, feita para distribuir PageRank igualmente, mas diferente do cenário apresentado.
Resposta de John Mueller
John respondeu explicando essa distinção:
“Acho que (já faz alguns anos) a preocupação era com sites onde todas as páginas se conectam entre si, o que faz você perder o contexto da estrutura do site.
Não acho que essa seja a sua situação. Ter quatro links idênticos em uma página apontando para outra parece algo normal para mim — eu não me preocuparia com isso.”
Duplicação de conteúdo em navegação
O SEO ainda questionou o fato de que, tecnicamente, as barras laterais e as páginas relacionadas não são navegação, mas sim HTML com listas estruturadas de links, o que poderia representar muita duplicação de conteúdo.
Ele escreveu:
“São quatro seções de navegação duplicadas em todas as páginas do site. Semanticamente, a barra lateral e as páginas relacionadas não são navegação, são HTML. Isso causa muita duplicação, na minha opinião.”
Mas mesmo nesse cenário, a resposta de John Mueller ainda se aplica. O importante é que essas seções não são parte do conteúdo principal, e é esse o foco do Google.
Visão de Martin Splitt sobre conteúdo principal
Martin Splitt, também do Google, já havia comentado sobre isso há alguns anos, ao explicar como o Google analisa a estrutura de uma página:
“Há uma seção aqui que parece ser de links para produtos relacionados, mas que não fazem parte do conteúdo principal. Isso parece ser informação complementar.
E também há muitos elementos repetidos (boilerplate), como menus que aparecem em todas as páginas.”
A conclusão é que o Google entende a diferença entre navegação, conteúdo secundário e conteúdo principal. Links em barras laterais, menus ou blocos relacionados não têm o mesmo peso de um link contextual inserido no texto principal.
E na prática: o que significa?
Pensei muito antes de cobrir falas de John Mueller e seus amigos. De verdade, acredito que elas agregam bem pouco no trabalho profissional de SEO. As respostas, via de regra, carecem de maior definição e contexto. Os dependes da profissão se transformam em respostas taxativas. Não gosto disso.
Toda a discussão começa em um estudo que mostrava o quanto o Google estava desarborizando páginas muito otimizadas, com muitas âncoras iguais e numerosas.
Carecemos também, nesse caso, de uma visão mais crítica desses estudos. Correlação não significa casualidade.
Por exemplo, páginas que contém um número grande de âncoras idênticas podem ser correlacionada com spam. Mas acontecem em um grande universo de páginas normais. Precisaríamos de estudos complexos para provar que a âncora, em si, causou quedas dessas páginas.
Da mesma forma, afirmar com Mueller que o Google não se importa tanto com o que não é conteúdo principal é temerário. Mudanças em partes navegacionais e secundárias sempre tem efeito em análises anedóticas.
Nesse sentido, a conclusão é não alterar nada sem necessidade. Se você tem partes do seu site já otimizadas e que funcionam, deixe como está. Dificilmente seu site será comparado a um de spam se ele não for.
Por outro lado, se você está pensando em fazer alterações nessas partes do seu site, seja o mais contextual possível, com o intuito de oferecer ao usuário e ao motor de busca o próximo passo mais relevante.
Use bastante sal nos estudos e declarações que você vê por aí.