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Criação de conteúdo com IA: em vez de debater “se”, precisamos discutir “como”

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Sumário

A discussão se devemos criar conteúdo com IA será ultrapassada em poucos tempo. Precisamos, agora, liderar conversas sobre como fazer isso da forma mais ética e responsável.

O debate sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) na criação de conteúdo atingiu um ponto de inflexão.

Recentemente, uma publicação no LinkedIn de uma profissional respeitada, mencionando a redução de sua equipe de 12 para 5 pessoas em poucos meses graças ao uso de IA e prompts otimizados – agora parte de um curso – gerou um incômodo palpável na comunidade. A postagem original que motivou este artigo expressava uma preocupação genuína: “Quando [a IA] vira justificativa pra cortar equipe e ainda é empacotada como ‘fórmula mágica’ pra vender curso, a coisa começa a me preocupar.”

Publicação de Rejane Toigo – Fonte: Instagram/Publicação LinkedIn

Essa inquietação é compreensível e levanta questões éticas e práticas cruciais. No entanto, a tônica da discussão predominante, focada em um receoso “devemos ou não usar IA para criar conteúdo?”, parece cada vez mais improdutiva. Assim como o motor a vapor, a eletricidade, o computador pessoal e a internet, a IA generativa não é uma onda passageira que podemos escolher surfar ou ignorar. Ela veio para ficar.

A verdadeira questão que precisamos enfrentar, com urgência e profundidade, não é se a IA será usada, mas como ela será integrada aos nossos processos de forma ética, eficiente e, acima de tudo, mantendo a qualidade e a humanidade que geram valor real.

Este texto se baseia em uma visão intermediaria de tudo quanto temos presenciado. Conteúdo criado em massa sem edição humana vs. demonização do conteúdo criado por IA.

Na nossa visão ambas ideias estão erradas.

O “como” começa com os fundamentos: revisão e o papel do copidesque

Resistir à adoção da IA na criação de conteúdo é como tentar segurar a maré com as mãos. Em vez disso, precisamos nos concentrar em como utilizá-la de forma inteligente, mitigando seus riscos e potencializando suas qualidades. E isso começa com princípios que, na verdade, sempre deveriam ter norteado a boa produção de conteúdo:

1. A indispensabilidade da revisão humana

Um dos maiores temores em relação ao conteúdo gerado por IA é a propensão a erros factuais (“alucinações”), inconsistências de tom, ou a reprodução de vieses presentes nos dados de treinamento. No entanto, vale lembrar uma regra de ouro da publicação de qualidade, muitas vezes negligenciada na pressa da produção digital: nenhum texto, via de regra, deveria ser publicado sem a revisão minuciosa de um revisor humano qualificado.

  • Mitigação de Erros: A revisão humana já lida com a questão dos possíveis erros no processo. Um revisor atento pode identificar e corrigir imprecisões factuais, problemas de coesão e coerência, erros gramaticais ou de estilo que a IA possa ter introduzido ou perpetuado. Seja o texto originado por um humano ou por uma IA, a etapa de revisão é um controle de qualidade essencial.
  • Validação e Contextualização: Além da correção, o revisor humano pode validar a adequação do conteúdo ao público-alvo, ao tom da marca e ao contexto cultural específico, algo que a IA ainda tem dificuldade em capturar com a mesma nuance.

Portanto, a preocupação com a “qualidade duvidosa” do texto de IA pode ser significativamente amenizada se incorporarmos, ou reforçarmos, a prática rigorosa da revisão humana em todos os fluxos de trabalho que envolvam IA.

2. A ascensão do profissional como “copidesque” (editor de texto)

Em vez de os redatores se sentirem ameaçados pela capacidade da IA de gerar texto “do zero”, eles deveriam se concentrar em evoluir para um papel mais estratégico e de maior valor agregado: o de copidesque (ou editor de texto, em uma tradução mais ampla, mas com a profundidade que o termo original carrega).

  • O Que Faz um Copidesque? Historicamente, o copidesque é o profissional de redação responsável por receber o texto bruto (de repórteres, redatores, etc.) e aprimorá-lo significativamente. Isso envolve não apenas corrigir erros, mas também:
    • Verificar a veracidade das informações.
    • Melhorar a clareza, a fluidez e o estilo.
    • Adequar o texto ao público e ao veículo.
    • Cortar redundâncias e adicionar informações faltantes.
    • Garantir a coesão e a coerência.
    • Propor títulos e intertítulos impactantes.
    • Em suma, transformar um rascunho em uma peça final polida, precisa e envolvente.
  • O redator como Copidesque de IA: Com a IA assumindo parte da “escrita” inicial (a geração do rascunho), o profissional humano pode e deve se concentrar em ser um copidesque de excelência. Em vez de se preocupar em redigir linha por linha, o foco se desloca para o texto que será publicado. O profissional passa a “pilotar” a IA, direcionando-a com bons briefings, e depois assume o papel crítico de lapidar, contextualizar, humanizar e validar o resultado.
  • Menos preocupação com a tela branca, mais com a qualidade final: A IA pode ajudar a superar o bloqueio da “página em branco”, fornecendo um ponto de partida. O valor do profissional humano residirá em sua capacidade de transformar esse rascunho, muitas vezes genérico ou superficial, em algo que realmente ressoe com o leitor, que tenha profundidade, perspectiva e a “alma” que a IA, por si só, não consegue replicar.

Como bem apontado na postagem que inspirou este artigo: “Mesmo com os melhores prompts do mundo, conteúdo 100% gerado por IA começa a soar igual. Sem alma. Sem contexto. É só olhar pra internet. Tá cheio disso. Tudo começa a virar mais do mesmo.” O papel do copidesque/editor é justamente combater essa homogeneização, injetando a criatividade, sensibilidade, intuição e repertório humano que fazem a diferença.

Redatores e IA podem e devem trabalhar juntos

Processos claros para a criação de conteúdo com IA nas empresas

A simples adoção de ferramentas de IA não garante bons resultados. É preciso integrar essa tecnologia de forma inteligente e supervisionada dentro de processos bem definidos:

1. Supervisão editorial é inegociável

Assim como um editor experiente revisa e orienta o trabalho de redatores e estagiários, o conteúdo gerado ou auxiliado por IA também deve ser rigorosamente supervisionado.

  • Controle de Qualidade e Alinhamento: A supervisão garante que o conteúdo esteja alinhado com os objetivos da empresa, o tom de voz da marca, as diretrizes editoriais e, fundamentalmente, que seja preciso e ético.
  • Responsabilidade Humana: Mesmo que a IA participe da criação, a responsabilidade final pelo conteúdo publicado deve ser humana. Isso inclui a verificação de fatos, a prevenção de plágio e a garantia de que o conteúdo não seja prejudicial ou enganoso.

2. Conteúdo autoral, mesmo com auxílio da IA

A IA pode ser uma poderosa ferramenta de produtividade, mas o conteúdo final precisa carregar a autenticidade e a perspectiva da marca ou do autor.

  • O toque humano e a experiência próxima: O profissional (atuando como copidesque/editor) é quem deve infundir o tom do veículo, compartilhar experiências relevantes (ou garantir que o conteúdo reflita experiências genuínas), e fazer com que o texto tenha um “caráter humanizado”. É a capacidade de contar histórias, de conectar emocionalmente, de trazer nuances e insights que a IA ainda não possui.
  • Evitando o genérico: Conteúdo puramente gerado por IA, sem uma curadoria e edição humanas profundas, tende a ser genérico e repetitivo. A autoralidade, mesmo que seja na forma de editar e enriquecer um rascunho da IA, é o que diferenciará o conteúdo de valor do “mais do mesmo”.

3. Desincentivar o “prompt genérico”, incentivar o “briefing inteligente”

A qualidade do resultado da IA está diretamente ligada à qualidade da instrução (prompt) que ela recebe.

  • “Crie um conteúdo sobre X” não funciona: Prompts vagos e genéricos como “crie um artigo sobre marketing digital” resultarão em textos superficiais, sem originalidade e que pouco agregam valor. Esse tipo de abordagem deve ser fortemente desincentivada.
  • O poder do briefing detalhado: Por outro lado, fornecer à IA (e ao profissional que a opera) briefings claros e detalhados, especificando o público-alvo, os objetivos do conteúdo, o tom de voz desejado, os pontos principais a serem abordados, as fontes de referência, e até exemplos de estilo, tende a gerar resultados significativamente melhores e mais alinhados. O prompt não é apenas uma pergunta, mas um direcionamento estratégico.

Conclusão: a IA é obrigatória, mas a humanidade é o diferencial

A discussão sobre “se” devemos usar IA na criação de conteúdo está rapidamente se tornando obsoleta. A tecnologia está aqui, é poderosa e sua adoção não é mais opcional para quem busca eficiência e escala; é obrigatória.

A narrativa comum de que “você perderá seu emprego para a IA” precisa de um adendo crucial: você não perderá seu emprego para a IA, mas sim para alguém que sabe usar a IA de forma eficaz E que consegue agregar valor humano insubstituível.

A verdadeira ameaça não é a IA em si, mas a complacência em não evoluir. Os “redatores de conteúdo” tradicionais, aqueles focados apenas na produção de texto em volume, podem de fato estar com os dias contados se não se adaptarem. No entanto, estamos prestes a ver um florescimento de editores, copidesques e estrategistas de conteúdo que dominam a arte de colaborar com a IA, utilizando-a como uma ferramenta para amplificar suas próprias capacidades.

Esses novos profissionais serão aqueles capazes de, em meio à eficiência da IA, injetar criatividade, sensibilidade, intuição, experiência vivida, pensamento crítico e um profundo entendimento do contexto humano – qualidades que a IA, por mais avançada que seja, ainda não consegue replicar genuinamente.

O futuro do conteúdo de valor não reside na substituição do humano pela máquina, mas na simbiose inteligente entre os dois, onde a tecnologia potencializa o que há de melhor na capacidade humana de criar, conectar e comunicar. A discussão precisa ser sobre como navegar essa nova realidade, com responsabilidade, ética e foco na verdadeira qualidade.

Willian Porto
Willian Portohttps://naoeagencia.com.br
Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de SEO, tendo participado de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone, além de Portais de Noticia, como Folha Dirigida e Central da Toca. É fundador do "Não é Agência!"

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