Você abriu seu Google Search Console recentemente e sentiu um calafrio ao ver o gráfico de páginas indexadas despencando? Se a resposta for sim, saiba que você não está sozinho. Desde o final de maio de 2025, um número crescente de profissionais de SEO, donos de sites e criadores de conteúdo estão relatando o mesmo fenômeno alarmante: o Google está ativamente desindexando milhões de páginas em toda a web.
O pânico é uma reação natural, mas a chave para navegar por essa mudança sísmica é entender o porquê. Isso não é apenas um bug passageiro; é uma recalibração fundamental na forma como o Google enxerga e organiza a internet.
Neste artigo, repercutiremos o que Edward Sturm, comentou em um vídeo no Youtube:
Como saber se você foi afetado
Antes de mergulhar nas teorias, vamos confirmar se o seu site foi impactado. O processo é rápido:
- Acesse o Google Search Console do seu site.
- No menu à esquerda, na seção “Indexação”, clique em “Páginas”.
- Na parte superior do relatório, clique na caixa “Não indexada” para desativá-la, deixando visível apenas o gráfico verde de páginas “Indexadas”.
- Analise o gráfico. Você observa uma queda acentuada a partir de 20 de maio de 2025? Se sim, seu site foi afetado por essa onda de desindexação.
Observe que, no exemplo acima, depois do dia 30 de maio, a quantidade de páginas indexadas teve uma baixa.
As principais hipóteses
No mundo do SEO, duas teorias principais surgiram para explicar esse evento:
- Teoria 1: A mudança na autoridade de tópico: A ideia é que o Google está refinando seus algoritmos para recompensar sites que demonstram profunda especialização em um nicho específico. Páginas com conteúdo superficial (thin content), duplicado ou fora do tópico principal do site estariam sendo removidas. Isso é verdade e é um fator importante, mas não explica a escala e a velocidade massiva da desindexação.
- Teoria 2: Raspagem de conteúdo para IA: Outra hipótese sugere que o Google está simplesmente “raspando” (scraping) o conteúdo da web para treinar seus modelos de IA (como os AI Overviews) e, depois de absorver a informação, descarta a página original. Isso é improvável. O Google ainda precisa citar fontes e referenciar a web ao vivo para validar suas respostas de IA e manter a confiança do usuário.
Ambas as teorias contêm elementos de verdade, mas falham em identificar a força motriz por trás dessa mudança monumental.
Conteúdo gerado pelo usuário
A teoria mais robusta e que se alinha com todos os dados disponíveis é a seguinte: O Google está desindexando agressivamente páginas estáticas de menor valor para abrir espaço em seu índice para o crescimento explosivo do Conteúdo Gerado pelo Usuário (UGC).
O índice do Google não é infinito e seu armazenamento é caro. Para lidar com o dilúvio de novos vídeos, posts e discussões, ele está fazendo uma “faxina”, removendo o que considera menos útil para priorizar o que os usuários demonstram preferir.
Os dados do primeiro trimestre de 2025 são claros. Os domínios mais clicados vindos da busca tradicional são plataformas de UGC:
- YouTube
- ChatGPT
- X (antigo Twitter)
- Wikipedia
- TikTok
Seis dos dez principais destinos são centros massivos de UGC. O Google está “turbinando” esse tipo de conteúdo porque ele é mais autêntico, pessoal, engajador e rápido de consumir – exatamente o que o público moderno quer.
O que o Instagram tem a ver com isso?
Gagan Gothra, no X, levantou a hipótese disso ser uma preparação para receber em seu índice os conteúdos de Instagram que, em breve, estarão disponíveis na SERP de forma passiva.
A partir de 10 de julho de 2025, o Instagram começará a permitir que motores de busca, como o Google, exibam automaticamente fotos e vídeos públicos de contas profissionais diretamente nos resultados de pesquisa. Embora a opção já existisse, a novidade é que ela será ativada por padrão, expandindo a visibilidade do conteúdo para além da plataforma. Criadores e marcas manterão o controle, com a possibilidade de desativar essa funcionalidade nas configurações de privacidade de suas contas.
Essa mudança reflete uma tendência maior em que plataformas sociais se tornam ferramentas primárias de descoberta, criando uma nova oportunidade de SEO para aumentar a visibilidade e o tráfego orgânico. Para capitalizar essa chance, será essencial otimizar os posts, especialmente através do uso de palavras-chave relevantes nas legendas, para melhorar o ranqueamento nos resultados de busca. A iniciativa está alinhada com o foco declarado do chefe do Instagram, Adam Mosseri, em fortalecer a capacidade de descoberta da plataforma tanto internamente quanto em buscadores externos.
4 passos para conseguir visibilidade
A pior estratégia é lutar contra essa maré. A melhor é aprender a surfar nela. Aqui está seu plano de ação para proteger seu site e usar essa tendência a seu favor.
Passo 1: Faça uma auditoria e “faxina” no seu site
Antes de tudo, organize sua própria casa. O Google está se livrando de páginas de baixa qualidade. Seja proativo.
- Identifique páginas de baixo aalor: Use ferramentas de SEO e o próprio Search Console para encontrar páginas com conteúdo superficial, duplicado, desatualizado ou que recebem zero tráfego.
- Melhore ou remova: Para cada página identificada, tome uma decisão:
- Melhorar: Atualize-a com informações novas e relevantes.
- Remover: Se a página não tem mais propósito, remova-a e configure um redirecionamento 301 para a página mais relevante do seu site.
Dica: aqui, tome cuidado ao excluir páginas. É comum, em portais de notícias, que páginas antigas tenham sido muito populares e tenham um arsenal importante de autoridade. Verifique, antes, se as páginas receberam links. Além disso, pode fazer mais sentido retirar tais páginas das listagens do site, mas deixá-las ativas via URL.
Passo 2: fortaleça sua autoridade de tópico
Os fundamentos do bom SEO continuam cruciais. Mostre ao Google que você é a autoridade no seu nicho.
- Crie Clusters de Tópicos: Desenvolva “hubs” de conteúdo completos em torno de seus temas principais.
- Linkagem Interna: Garanta que todas as páginas dentro de um cluster estejam interligadas de forma lógica.
- Atualize Conteúdo Pilar: Mantenha seus artigos mais importantes sempre frescos e atualizados.
Passo 3: torne-se um Criador de UGC
O maior erro que um profissional de marketing pode cometer agora é ignorar o poder de SEO das plataformas de UGC.
- Crie Vídeos Curtos: É a maneira mais rápida e eficaz. Enquanto pesquisa uma palavra-chave para um artigo de blog, grave um vídeo de 1-2 minutos sobre o mesmo assunto.
- Otimize seus Vídeos para SEO:
- Coloque a palavra-chave no início do título e da descrição.
- Use a transcrição do vídeo (ou um resumo de 50-100 palavras) como o corpo da descrição.
- Mencione a palavra-chave naturalmente durante o vídeo.
- Engaje no Reddit e no X: Encontre comunidades relevantes (subreddits) e discussões. Crie posts e comentários úteis que também segmentem sua palavra-chave. Comece o post com a palavra-chave para maior impacto.
Passo 4: Automatize e Repropunha seu Conteúdo
Trabalhe de forma mais inteligente, não mais difícil.
- Edição Eficiente: Utilize ferramentas como o Descript, que permite editar vídeos editando a transcrição de texto. Ele pode remover pausas e erros automaticamente.
- Distribuição Automática: Use serviços como o ReuseVideo.com. Você faz o upload do seu vídeo uma vez, e a ferramenta o publica automaticamente no YouTube Shorts, TikTok, Instagram Reels, LinkedIn, Facebook e X.
Com essa abordagem, você cria uma peça de conteúdo (um vídeo) e a distribui para seis dos dez sites mais poderosos na busca do Google, reforçando sua marca e autoridade em múltiplos canais com um esforço mínimo.
O cenário da busca mudou para sempre. O Google não quer mais ser apenas um índice de páginas estáticas; ele quer ser um portal para o conteúdo dinâmico e humano que as pessoas criam e consomem todos os dias. Ao limpar seu site, focar em sua autoridade de tópico e, crucialmente, abraçar a criação de conteúdo nas plataformas de UGC, você não apenas sobreviverá a essa onda de desindexação, mas a usará como um trampolim para alcançar uma visibilidade e um sucesso que nunca imaginou ser possível.
Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Noticia, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.