- AI Overviews cresce de forma meteórica
- Snippet de Shopping e trechos em queda
- A probabilidade de alguém clicar em resultados de AI Overviews é quase a metade da pesquisa tradicional
A forma como encontramos informações online está a passar por uma das suas transformações mais significativas desde a criação do Google. A inteligência artificial (IA) deixou de ser um conceito futurista para se tornar a força motriz por trás das páginas de resultados de busca que usamos todos os dias.
Dois estudos recentes, um da Ahrefs e outro do Pew Research Center, fornecem uma imagem clara desta nova realidade: a IA está a remodelar os resultados da busca e, em resposta, os utilizadores estão a mudar a forma como interagem com eles.
Mais IA na Pesquisa
De acordo com uma análise detalhada de um milhão de páginas de resultados do motor de busca (SERPs) pela Ahrefs, o Google passou por uma remodelação drástica em 2025, impulsionada pela IA. A mudança mais notável é a ascensão meteórica das “AI Overviews” (Visões Gerais de IA), que são resumos gerados por IA que aparecem no topo da página de resultados.
O estudo da Ahrefs descobriu que, entre janeiro e junho de 2025, a presença das AI Overviews cresceu uns impressionantes 598%, aparecendo agora em mais de um quarto das palavras-chave analisadas.
Esta ascensão teve um custo para outros recursos. Os “Featured Snippets” (Fragmentos em Destaque), que anteriormente serviam para dar respostas rápidas, viram a sua presença diminuir em 64%.
A correlação negativa quase perfeita (-0.9) entre o crescimento das AI Overviews e o declínio dos Featured Snippets sugere que a IA não está apenas a adicionar um novo elemento, mas a substituir ativamente os antigos. Parece que as AI Overviews, com a sua capacidade de responder diretamente a uma vasta gama de perguntas na própria SERP, tornaram os Featured Snippets obsoletos.
Vale destacar que Shopping e os Trechos quedas de 68 e 64% no período analisado.
E para os publishers, o que muda?
Esta mudança na arquitetura da página de resultados está a ter um impacto direto e mensurável no comportamento do utilizador. O estudo do Pew Research Center, que analisou o comportamento de navegação de 900 adultos nos EUA, confirma o que muitos na indústria de SEO temiam: as pessoas estão a clicar menos em links.
A investigação descobriu que, quando uma AI Overview está presente, os utilizadores têm quase duas vezes menos probabilidade de clicar num dos tradicionais links de resultados de busca. Apenas 8% das visitas a páginas com um resumo de IA resultaram num clique num link tradicional, em comparação com 15% nas páginas sem o resumo.
Ainda mais revelador é o facto de os utilizadores raramente clicarem nos links de origem dentro do próprio resumo de IA, fazendo-o em apenas 1% das visitas. Frequentemente, a interação termina ali mesmo. O estudo mostrou que os utilizadores são mais propensos a terminar a sua sessão de navegação por completo após verem uma página com um resumo de IA (26% das vezes) em comparação com uma sem (16% das vezes). Isto valida a ideia de “buscas de zero cliques” que o estudo da Ahrefs menciona.
O que os estudos mostram?
A combinação destas duas análises pinta um retrato claro do novo ecossistema de busca. A Ahrefs mostra-nos a mudança técnica na plataforma, enquanto o Pew Research Center revela a consequência humana dessa mudança. A era de otimizar simplesmente para a “posição 1” não é o bastante (talvez, já não seja há algum tempo).
Para empresas, criadores de conteúdo e profissionais de marketing, as respostas não são tão claras. A visibilidade já não se trata apenas de aparecer na lista de links azuis; trata-se de se tornar uma fonte fidedigna para as próprias AI Overviews do Google, o que não é tão difícil assim.
O estudo do Pew Research Center destaca que fontes como a Wikipedia, o YouTube e o Reddit são frequentemente citadas, assim como sites governamentais, que aparecem com mais frequência nos resumos de IA do que nos resultados de busca padrão.
A ideia de que estamos entrando numa era em que o valor de um conteúdo pode não ser medido apenas por cliques diretos do Google, mas pela sua influência nas respostas geradas por IA é polêmica. Quais são os resultados de uma simples citação no presente e no futuro? Os parcos cliques compensarão a grande queda? Perguntas que devem ser respondidas pelos propagadores de LLMO, GEO etc.
Enquanto isso, Google acelera seus processos para vencer uma guerra fria contra OpenAI, colocando em xeque suas antigas promessas.
Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.
