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Conteúdos traduzidos na SERP: Brasil é um dos mais impactados; veja implicações e como conseguir mais tráfego

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Uma nova e preocupante tendência está emergindo nas páginas de resultados de busca (SERPs) do Google, com potencial para redefinir as estratégias de SEO e o tráfego para publishers em todo o mundo – e o Brasil aparece como um dos mercados mais significativamente impactados. Páginas proxy do Google Translate estão discretamente dominando os “AI Overviews” (as respostas geradas por Inteligência Artificial no topo da busca), especialmente na Europa, e os dados indicam um impacto massivo em países como o Brasil e a Índia.

Este fenômeno, que está pegando muitos de surpresa, envolve o Google traduzindo automaticamente conteúdo de fontes em inglês e exibindo essas versões traduzidas diretamente nos resultados, muitas vezes através de URLs próprias como translate.google.com/translate ou translate.goog.

Este fenômeno, foi relatado por Metehan.

O que está acontecendo exatamente? Páginas proxy do Google Translate dominando a IA

Segundo reportado por Metehan Yesilyurt e ecoado por outros especialistas como Gianluca Fiorelli, o Google está utilizando suas próprias páginas de tradução para preencher lacunas de conteúdo nos AI Overviews. Quando uma consulta em um idioma local ativa um AI Overview, mas o Google não encontra conteúdo nativo suficiente ou com a “autoridade” desejada, ele recorre a:

  1. Tradução em tempo real: Fontes de alta autoridade em inglês são traduzidas dinamicamente.
  2. Serviço via proxy do Google: Essas traduções são servidas através das URLs do próprio Google (ex: translate.goog).
  3. Injeção direta nos AI Overviews: Esses resultados traduzidos são inseridos diretamente nas respostas de IA, muitas vezes à frente de publicações locais.

Os números são alarmantes. Na Alemanha, por exemplo, as aparições dessas páginas em AI Overviews saltaram de apenas 4 em abril para 57.000 em maio – um aumento de +40.981.900%. Outros países europeus como Espanha, Holanda, Suécia e França também mostram centenas de milhares de visualizações mensais estimadas para essas páginas traduzidas.

O impacto específico no Brasil e outros grandes mercados

Embora os dados detalhados de AI Overviews para o Brasil ainda estejam surgindo com essa nova perspectiva, a magnitude do alcance do Google no país acende um alerta vermelho. O artigo menciona que:

  • No Brasil, o Google direciona mais de 90 milhões de tráfego orgânico mensal.
  • Na Índia, o Google direciona mais de 100 milhões de tráfego orgânico mensal.
  • Na Turquia, páginas do Google Translate já são visíveis em cerca de 10 milhões de consultas.

No Brasil

De acordo os dados da SEMRush, as pesquisas traduzidas já são superiores aos 92 milhões de cliques.

Tráfego estimado em consultas traduzidas no Brasil – SEMRush

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O início das operações foi em fevereiro e tem ganhado escala em todos os meses. Continuaremos a acompanhar esse crescimento.

Considerando o volume de tráfego do Google no Brasil, a implementação em larga escala dessa tática de “conteúdo traduzido por proxy” pode significar uma perda massiva de visibilidade e tráfego para publishers brasileiros. Conteúdos originalmente em inglês, de grandes portais internacionais (como Forbes, Formula1.com, etc.), podem passar a dominar os resultados de IA em português, mesmo que existam boas fontes locais.

A implicação é clara: produtores de conteúdo em português no Brasil podem se ver competindo não apenas com outros sites locais, mas diretamente com traduções automáticas de gigantes internacionais, hospedadas e priorizadas pelo próprio Google.

Entretanto, isso também pode ser uma oportunidade interessante para os sites. Via de regra, as consultas traduzidas aparecem quando o Google não consegue escolher outro conteúdo em português. Nesse sentido, encontrar as consultas traduzidas pode ser uma consulta interessante para cria-los no Brasil.

Veja um caso abaixo:

Nessa situação, entre os 4 conteúdos analisados, 2 eram de língua inglesa traduzidos. Possivelmente, ainda há, nesse caso, espaço para que conteúdos autoritativos sejam criados.

Por outro lado, esse tipo de oportunidade não é tão relevante para pequenos portais. É possível que, ainda na existência de conteúdo em língua portuguesa, o algoritmo escolha portais com autoridade, como The Guardian e BBC.

Vale ressaltar que até mesmo os titles são traduzidos também, dando aparência que a página real é em português.

Veja um exemplo de página aberta:

Página traduzida

Como criar conteúdo e aproveitar oportunidades?

Tome como exemplo a relação de Benny e Stewart. O único conteúdo autoritativo que o Google encontrou em português foi no Instagram. Nesse caso, o primeiro site de famosos que criar, provavelmente, conseguirá levar a maior parte do tráfego.

Google Benny e Stewart

Isso é possível ao usar a ferramenta de palavras-chave do domínio da SEMRUSH.

Existe algum controle?

Segundo Richard Hearne, e confirmado pelo Google, existe uma forma de controlar a visibilidade para as Páginas Proxy de Tradução através de uma tag de cabeçalho (<meta name=”robots” content=”notranslate”> ou o cabeçalho HTTP X-Robots-Tag: notranslate). No entanto, a adoção dessa tag ainda é muito baixa. Muitos grandes players podem hesitar em usá-la, talvez por receio de perder visibilidade ou por uma percepção de que isso poderia ser usado para “treinamento gratuito de IA”.

Caso você deseje, é possível também fazer um redirecionamento para sua página na língua original, como descrito no código presente no Github.

Além disso, é possível verificar o desempenho de suas “Páginas Traduzidas” no Google Search Console, buscando por URLs que contenham translate.goog como propriedade ou filtro.

Conclusão e recomendações para o mercado brasileiro

Se você atua com SEO internacional, publicação digital ou simplesmente possui conteúdo relevante em inglês que poderia ser traduzido para o público brasileiro, a mensagem é clara: você não está mais apenas competindo com outros sites; você pode estar competindo com a própria versão traduzida do seu conteúdo (ou de outros) feita pelo Google.

Para o Brasil, um mercado com milhões de usuários buscando informação em português, as implicações são particularmente sérias e interessantes. É crucial que publishers e profissionais de SEO brasileiros:

  1. Auditem a exibição de conteúdo: Verifiquem como conteúdos relevantes (seus ou de concorrentes em inglês) estão sendo exibidos via translate.google.com ou translate.goog para consultas em português.
  2. Monitorem cobertura de AI Overviews: Acompanhem de perto como os AI Overviews estão se comportando nos resultados de busca brasileiros para suas palavras-chave estratégicas.
  3. Verifique a cobertura de conteúdo em português: A existência de conteúdo autoritativo traduzido, pode significar a ausência de bons conteúdos em português; aproveite o gap.

A era da IA na busca está trazendo consigo desafios complexos e, por vezes, desleais. Estar informado e adaptar-se rapidamente será fundamental para a sobrevivência e o sucesso no novo ecossistema digital que se desenha, especialmente em mercados vibrantes e estratégicos como o Brasil.

Publisher e Especialista em SEO | Web |  + posts

Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Noticia, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.

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