Nos EUA, pesquisas sem clicks no Google sobem para 69%, diz Similarweb

Willian Porto
5 Min Read

Um estudo aprofundado da Similarweb quantifica a migração do público da busca tradicional para o ChatGPT. Enquanto alguns veículos de notícia colhem benefícios de um tráfego de referência 25 vezes maior, outros enfrentam uma queda drástica no tráfego orgânico, à medida que as "buscas de clique zero" se tornam o novo normal.

A forma como o mundo acessa notícias está passando por uma transformação radical e irreversível. Um novo e detalhado relatório da plataforma de inteligência digital Similarweb revela que a Inteligência Artificial (IA) Generativa, especialmente o ChatGPT, está rapidamente suplantando o Google como a porta de entrada para a informação.

O estudo “The Impact of Generative AI: Publishers” aponta que, entre janeiro de 2024 e maio de 2025, os prompts relacionados a notícias no ChatGPT cresceram espantosos 212%. No mesmo período, as buscas equivalentes no Google sofreram uma retração de 5%, sinalizando uma mudança de comportamento do consumidor em uma escala sem precedentes.

A base para essa revolução é o crescimento meteórico da própria plataforma. Nos últimos seis meses, o número de usuários ativos mensais do aplicativo do ChatGPT mais que dobrou, com um aumento de 116% ano a ano, enquanto os visitantes de sua versão web cresceram 52%.

Veja a repercussão:

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A queda orgânica e o aumento de tráfego de IA

Para os editores de notícias, a era da IA se apresenta como uma faca de dois gumes. Por um lado, o tráfego de referência vindo diretamente do ChatGPT explodiu, saltando de menos de 1 milhão de visitas entre janeiro e maio de 2024 para mais de 25,2 milhões no mesmo período de 2025 — um aumento de 25 vezes. Veículos que se adaptaram a essa nova realidade estão colhendo os frutos, com reuters.com (8.9%)nypost.com (7.1%) e businessinsider.com (6.5%) liderando a lista de maiores beneficiários.

Crescimento de tráfego em ChatGPT e principais sites de tráfego

No entanto, essa vitória vem acompanhada de uma perda alarmante. O relatório correlaciona a ascensão da IA com a queda do tráfego orgânico tradicional. Desde o lançamento do AI Overviews do Google em maio de 2024, a parcela de “buscas de clique zero” — onde o usuário obtém a resposta diretamente na página de resultados, sem clicar em nenhum link — aumentou de 56% para quase 69%. Consequentemente, o tráfego orgânico para sites de notícias despencou de um pico de mais de 2,3 bilhões de visitas para menos de 1,7 bilhão.

Tráfego orgânico para sites de notícias x Zero Clicks

Maiores interesses em pesquisa de IA

A análise dos tipos de notícias buscados no ChatGPT revela uma audiência inicialmente focada em atualizações de mercado em tempo real. Ações (33%)Finanças (21%) e Esportes (17%) ainda dominam a maior parte dos prompts.

Contudo, o relatório identifica uma maturação no uso da ferramenta. Tópicos que exigem maior profundidade e contexto estão em forte ascensão. Política se tornou o “tema de destaque de 2025”, apresentando o maior crescimento tanto no acumulado do ano quanto na comparação anual. Outros temas complexos como Economia (13% dos prompts)Inflação (5%) e Clima (9%) também mostram um “impulso ascendente sustentado”, sugerindo que os usuários estão se voltando para a IA para entender as implicações de eventos macroeconômicos e geopolíticos.

Tópicos mais pesquisados em IA – Fonte: Similarweb

Bloquear ou permitir?

A nova dinâmica expôs uma clara divisão estratégica na indústria de notícias. Enquanto alguns abraçam a IA, outros permanecem à margem. O relatório observa que veículos proeminentes como a CNN estão completamente ausentes dos rankings de referência do ChatGPT. Já o The New York Times, embora presente, está sub-representado (com 3,1% das referências) devido às suas restrições contratuais ao uso de seu conteúdo por plataformas de IA.

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Entretanto, essa conclusão nos parece precipitada. Reuters, por exemplo, citada como um dos principais destinos também tem restrições em seu robots.txt, embora permita o bot de GPT. Muitos dos principais players tem acordos com ChatGPT, o que pode fazer com que o algoritmo prefira citar suas fontes.

Nesse sentido, acreditamos que precisamos de estudos mais aprofundados para entender essa dinâmica nos EUA.

Robots de Reuters bloqueia quase todos os bots de IA, exceto GPT.

Essa divisão sublinha o dilema enfrentado pelos editores: colaborar com a IA para ganhar visibilidade e influência, ou proteger seu conteúdo e arriscar a irrelevância em um ecossistema que se move rapidamente para longe dos cliques. O relatório conclui que a dependência do SEO e do ranqueamento no Google se tornou insuficiente, forçando toda a indústria a repensar fundamentalmente suas estratégias de distribuição e monetização para a era da IA.

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Publisher e Especialista em SEO | Web |  + posts

Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.

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