O debate sobre o uso de Inteligência Artificial em SEO atingiu um ponto de inflexão. De um lado, dados em larga escala, como os do recente estudo da Ahrefs, sugerem que o Google não penaliza o uso da tecnologia.
- Resultados do ahrefs
- AI não consegue predizer resultados?
- O que os dados realmente dizem (e o que não dizem)
- A irrelevância estatística e suas implicações
- As limitações do método: correlação não é causalidade
- O dado mais revelador: a normalização da assistência por IA
- De “conteúdo gerado automaticamente” para “conteúdo de qualidade”
- O alerta do especialista: compreendendo o risco sistêmico
- O que importa é o conteúdo
- A IA como copiloto, não como piloto automático
Do outro, a experiência prática de especialistas acende um alerta vermelho sobre os perigos da automação em massa. Para navegar nesta nova realidade, é preciso ir além das manchetes e compreender as forças que moldam o futuro do conteúdo digital.
Resultados do ahrefs
Aqui está os resultados do ahrefs:
- 4,6% das páginas foram categorizadas como “IA pura”.
- 13,5% foram categorizados como “humanos puros”.
- 81,9% foram categorizados como uma mistura de dois.
Dos que eram uma mistura de humanos e IA:
- 13,8% mostrou uso mínimo de IA (1-10% do conteúdo da página foi categorizado como IA)
- 40% mostraram uso moderado de IA (11-40%)
- 20,3% mostraram uso substancial de IA (41%-70%)
- 7,8% mostraram uso dominante de IA (71%-99%).
AI não consegue predizer resultados?
De acordo com os dados de ahrefs, não. Com baixa correlação, não é possível prever posicionamento com base na forma de criação do conteúdo.

Por outro lado, as páginas com menos IA (0-0.3) tendem a ter melhor performance:

O que os dados realmente dizem (e o que não dizem)
A afirmação de que “não há correlação” entre o uso de IA e o ranking é poderosa, mas precisamos de uma análise profunda.
A irrelevância estatística e suas implicações
O coeficiente de correlação de 0.011 é, na prática, um ruído estatístico. Isso significa que, ao analisar centenas de milhares de páginas, é impossível traçar uma regra como “quanto mais IA, pior o ranking”. Essa ausência de um padrão negativo claro é o sinal mais forte de que não existe um “marcador anti-IA” no algoritmo do Google. O sistema não está ativamente procurando e rebaixando conteúdo apenas por sua origem tecnológica.
As limitações do método: correlação não é causalidade
É crucial lembrar que o estudo mostra uma correlação, não uma relação de causa e efeito. Uma hipótese alternativa poderia ser que as equipes de conteúdo mais sofisticadas e com maiores orçamentos — que já tendem a ranquear bem por sua qualidade geral — são as que mais adotam ferramentas de IA para otimizar seu fluxo de trabalho. Nesse caso, a IA não seria a causa do bom ranking, mas um acessório de uma equipe que já é de alta performance. Além disso, como o próprio estudo admite, nenhum detector de IA é perfeito, o que pode introduzir margens de erro na classificação do conteúdo.
O dado mais revelador: a normalização da assistência por IA
Talvez a estatística mais impactante seja que apenas 13,5% do conteúdo de topo é “puramente humano”. Isso significa que a IA já está profundamente integrada ao processo de criação de conteúdo de sucesso. Ela não é mais uma ferramenta de nicho, mas um assistente padrão para tarefas de brainstorming, estruturação, otimização de títulos, checagem gramatical e estilística. A era do conteúdo “intocado” por IA está, na prática, chegando ao fim.
De “conteúdo gerado automaticamente” para “conteúdo de qualidade”
As diretrizes do Google evoluíram. No passado, “conteúdo gerado automaticamente” era sinônimo de spam de baixa qualidade, textos sem sentido criados para manipular rankings. Hoje, as ferramentas de IA podem produzir textos coerentes e gramaticalmente corretos. Por isso, o foco do Google mudou da forma de produção para a qualidade do resultado. Um conteúdo útil e confiável é bem-visto, não importa se foi escrito com uma caneta, um teclado ou uma LLM.
O alerta do especialista: compreendendo o risco sistêmico
O aviso contra a produção em escala não é apenas um palpite; baseia-se na compreensão de como o Google avalia ecossistemas de conteúdo inteiros.
A avaliação holística e o “ponto de inflexão”
O Google não julga um site apenas pela sua melhor página. Ele realiza avaliações de qualidade em nível de domínio, especialmente durante as broad core updates. Imagine um site como uma balança. Algumas páginas de baixa qualidade podem ser toleradas se o site tiver muitas outras de alta qualidade. No entanto, ao usar IA para gerar centenas ou milhares de artigos medianos e sem originalidade, você está adicionando peso continuamente ao lado “ruim” da balança. Em algum momento, um “ponto de inflexão” é atingido. O Google pode reclassificar o site inteiro como de baixa qualidade ou “inútil”, causando uma perda de tráfego massiva e difícil de reverter.
Gleen Gabe, por exemplo, disse:
Por favor, não leia esta publicação e corra para publicar conteúdo gerado por IA em larga escala. Há nuances neste tópico que acredito que a publicação não aborda… Há muitos exemplos de sites que foram destruídos por meio de amplas atualizações de núcleo ou atualizações de spam que seguiram o caminho do uso intensivo de conteúdo de IA para escalar. Ah, e ações manuais também. Veja a captura de tela abaixo de um exemplo. O Google sempre explicou que se trata de qualidade, e não que se trata apenas de conteúdo de IA, mas usar conteúdo gerado exclusivamente por IA em grande escala pode ser muito perigoso. Além disso, a publicação ignora o ponto importante de que o Google avalia sites *em geral* com atualizações abrangentes. Portanto, você pode ver ganhos positivos até que a balança penda. Então, cuidado. CUIDADO. Já escrevi e apresentei sobre algoritmos de qualidade em nível de site muitas e muitas vezes”.
Isso significa que, do ponto de vista de qualidade, a avaliação é positiva até que uma cota de conteúdo de baixa qualidade seja grande o suficiente para rebaixar todo o site. Vimos isso, por exemplo, no caso ISTOÉ.
Isso se deve pelo fato de o Google ter dificuldade em avaliar páginas de forma individual. Nesse sentido, ele tende a classificar páginas ruins em bons rankings, quando a avaliação do site como um todo ser positiva.
O que importa é o conteúdo
De forma geral, o que importa é o conteúdo, independentemente de qual é a fonte de criação. De certa forma, é possível fazer bons conteúdos com IA, com processo monitorado. Entretanto, por outro lado, é difícil fazer o conteúdo ótimo.
Ele requer análise e compreensão do novo e da relação com o antigo, das emoções e das entrevistas. Isso, hoje. não é possível para a IA.
Nesse sentido, o pior dos cenários é uma produção em escala de IA. Como apenas repetem os mesmos tópicos já abordados por outros, torna-se difícil manter ou aumentar a qualidade de um bom projeto jornalístico.
Por outro lado, as IAs mostram-se úteis quando o produto anterior era ruim.
A IA como copiloto, não como piloto automático
O cenário atual exige uma mudança de mentalidade. A pergunta não é mais “devo usar IA?”, mas sim “como devo usar IA para criar conteúdo que atenda aos mais altos padrões de qualidade?”.
Dentre as possibilidades, faz sentido pensar naquelas que são “Humano-IA”:
- Estratégia e ideação (Humano): defina o público, a intenção de busca e o ângulo original do conteúdo.
- Estruturação e esboço (IA + Humano): use a IA para gerar estruturas e outlines rápidos, que são então refinados e validados por um especialista humano.
- Elaboração do rascunho (IA): a IA pode gerar um primeiro rascunho, economizando horas de trabalho.
- Enriquecimento e validação (Humano): esta é a fase crucial. O especialista humano adiciona experiência pessoal, dados proprietários, citações de especialistas, análises críticas e exemplos práticos. A verificação de fatos é indispensável.
- Polimento e otimização (IA + Humano): use ferramentas de IA para refinar a gramática, o estilo e o SEO on-page, com uma revisão final humana para garantir a voz da marca.
Ao adotar este modelo, a IA se torna um acelerador de produtividade, liberando os humanos para focarem no que realmente importa: criar valor único e construir confiança com o público.
Vale ressaltar que esse caminho está longe de ser majoritário. Várias empresas têm optado pelo caminho inverso e automatizado a produção. Os efeitos serão sentidos em longo prazo.
Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.
- Willian Portohttps://naoeagencia.com.br/author/naoeagencia/
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