Um dos maiores sites de notícias do país comete gafe e confunde CEO com SEO, ampliando discussões sobre qualidade na pesquisa do Google

Willian Porto
6 Min Read

Site confunde os termos CEO com SEO

Todo mundo que trabalha com SEO já teve que explicar pronuncias por aí. Até então, nenhuma novidade. Entretanto, ver conteúdo noticioso confundindo um dos líderes de uma corporação com o profissional que cuida da aquisição orgânica é mais difícil.

Embora a pronúncia possa embolar às vezes, CEO e SEO são profissionais muito distintos, levando a interpretações completamente diferentes.

Em cenário em que parte das redações tem sido substituídas por IA, em alguns casos, podemos dizer que os jornalistas e redatores não fariam tanta falta assim.

Vale ressaltar que o site é um dos mais vistos do Brasil em notícias, ocupando a posição 9 no ranking da Similarweb:

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Isso gera uma série de perguntas.

Google escolhe os melhores sites?

Embora o Google se esforce para ser a principal fonte de informação, a noção de que seus algoritmos “escolhem os melhores sites” é cada vez mais questionável. Em um cenário onde a velocidade da informação e a proliferação de conteúdo gerado por IA se intensificam, os algoritmos da gigante de buscas têm demonstrado falhas significativas em discernir a qualidade e a veracidade das páginas, especialmente no que tange a notícias e informações críticas.

Recentemente, a ascensão de notícias falsas, a priorização de conteúdo de baixa qualidade ou meramente otimizado para motores de busca (SEO-first, e não user-first), e a dificuldade em lidar com o volume de dados imprecisos ou manipulados, evidenciam que a “escolha” algorítmica está longe de ser infalível. Casos notórios de desinformação ganhando destaque nas pesquisas e a própria admissão implícita do Google, através de constantes atualizações de seus algoritmos (como o “Helpful Content Update”), para tentar corrigir essas deficiências, reforçam que a busca por conteúdo útil e confiável é um desafio contínuo e muitas vezes frustrante para o usuário.

Em um momento em que a credibilidade do jornalismo e da informação digital está em jogo, confiar cegamente nos algoritmos do Google para filtrar o “melhor” se mostra um risco. A realidade é que, apesar de todo o avanço tecnológico, a superfície da web ainda é um terreno fértil para conteúdo enganoso e de baixa qualidade que, por vezes, burla as diretrizes do Google e alcança posições de destaque. Essa é uma preocupação crescente, não apenas para profissionais de SEO, mas para qualquer cidadão que busca informações confiáveis em um ambiente digital cada vez mais complexo e saturado.

Futuro do jornalismo

jornalismo tradicional enfrenta um futuro incerto em meio à ditadura da audiência a qualquer custo. A busca incessante por cliques e engajamento online, impulsionada por algoritmos que priorizam a viralidade sobre a veracidade, tem remodelado as prioridades das redações de forma preocupante. Nesse cenário, pilares fundamentais da prática jornalística, como a revisão rigorosa, a originalidade do conteúdo e a profundidade da pesquisa, são relegados a segundo plano, em detrimento da velocidade e do sensacionalismo.

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O resultado é um ecossistema de notícias onde a informação superficial, as manchetes “caça-cliques” (clickbait) e a replicação de conteúdos proliferam, enquanto o jornalismo investigativo e analítico, que exige tempo e recursos, perde espaço. A pressão por números cria um ciclo vicioso: menos investimento em apuração de qualidade leva a um conteúdo menos diferenciado, que, por sua vez, luta para se destacar em meio ao ruído, resultando em mais desespero por cliques.

inteligência artificial, embora com potencial para otimizar processos, também pode exacerbar essa tendência se não for empregada com responsabilidade. A geração automatizada de textos e a curadoria algorítmica de notícias podem diluir ainda mais a autoria, a profundidade e a originalidade, tornando a distinção entre o jornalismo de fato e o mero conteúdo replicado cada vez mais tênue.

Em um mundo onde a desinformação se espalha rapidamente e a capacidade crítica da audiência é constantemente desafiada, o jornalismo de qualidade é mais necessário do que nunca. A questão crucial para o futuro é se as empresas de mídia e os próprios profissionais conseguirão resistir à lógica predatória do clique e reafirmar o valor da informação apurada, original e bem contextualizada, mesmo que isso signifique sacrificar parte da audiência imediata em prol da credibilidade e da relevância a longo prazo.

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Será que o público, por sua vez, valorizará e apoiará financeiramente um jornalismo que prioriza a verdade sobre o espetáculo?

De qualquer forma, esse tipo de conteúdo, facilmente replicado, será um dos primeiros a ser plenamente substituído pelas ferramentas e buscadores.

Procurada, até o momento, a Click Petróleo e Gás não respondeu aos nossos questionamentos.

Publisher e Especialista em SEO | Web |  + posts

Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.

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