A introdução de resumos gerados por Inteligência Artificial no feed do Google Discover nos Estados Unidos está a gerar um debate significativo sobre o futuro da descoberta de conteúdo e o tráfego para os publishers.
Para entrarmos em mais detalhes, chamamos Damien (Andell), um especialista no ecossistema do Google, para nos explicar as principais tendências e o que esperar desta nova era.
Damien Andell é um desenvolvedor web freelancer e desenvolvedor Python. Ele também é cofundador da 1492.vision, que fundou em janeiro de 2024. Ele compartilha insights e observações relacionadas ao Google Discover e seus recursos, incluindo resumos de IA e cards de tendências na plataforma X (antigo Twitter).
Um ecossistema mais fechado e a promoção de produtos próprios
Uma das primeiras observações sobre as mudanças no Discover é a forma como os novos resumos de IA são apresentados. Damien Andell aponta que os cartões que exibem estes resumos nem sempre indicam as fontes que permitiram a sua geração. Esta falta de atribuição clara é uma grande preocupação para os criadores de conteúdo, que arriscam perder audiência e visibilidade direta.
Ao mesmo tempo, nota-se uma reorganização na hierarquia visual do feed. Andell observa que os maiores e mais largos cartões, que capturam mais a atenção do utilizador, parecem ser exclusivamente reservados para o Google Ads, YouTube Shorts e links da rede social X (antigo Twitter). Esta tendência sugere um esforço do Google para promover os seus próprios produtos e parceiros, potencialmente criando um “jardim murado” que torna mais difícil para fontes externas ganharem destaque.
Veja:

A perda de fontes e a ascensão das entidades
A questão das fontes invisíveis nos resumos de IA leva a uma consequência direta: a perda de audiência para os websites que fornecem a informação original. Para combater esta invisibilidade, a estratégia de SEO deve evoluir. Damien Andell argumenta que, mais do que nunca, é crucial estar presente nas entidades certas dentro do Knowledge Graph do Google.
Em vez de apenas ver palavras-chave, o Google organiza a informação da internet em “entidades”, que são basicamente todas as coisas, pessoas, lugares e ideias que existem. Ele então conecta tudo, como em um mapa mental, para entender a relação entre elas. Esse sistema é a base de quase tudo que o Google faz: a busca, o YouTube, o Maps e até a nova inteligência artificial, a Gemini. O Google se preocupa muito em garantir que as informações nesse “cérebro” sejam confiáveis, dando preferência a fontes seguras. Para quem tem um site, isso significa que não basta mais usar as palavras certas (SEO); é preciso se tornar uma “entidade” confiável e bem conectada aos olhos do Google.
O Knowledge Graph tornou-se a infraestrutura fundamental sobre a qual assenta toda a estratégia de IA e pesquisa do Google, influenciando o Discover, a Pesquisa, o YouTube e os AI Overviews. O Google foca-se nos interesses dos utilizadores, que são moldados pelas suas interações com as entidades – seja ao visitar uma página, clicar num “like”, adicionar um produto ao carrinho de compras do Google Shopping ou interagir diretamente com o Knowledge Graph. O feed de cada utilizador é modificado em conformidade.
Portanto, para aparecer nos feeds dos utilizadores, as marcas e os criadores devem estar associados às entidades que estão a captar o interesse do público. O desafio passa a ser identificar que entidades estão a registar um pico de popularidade, utilizando ferramentas como o Google Trends ou plataformas especializadas como a 1492.vision. A estratégia já não se foca apenas em palavras-chave, mas em tornar-se uma entidade validada e conectada dentro do ecossistema de conhecimento do Google.
Trataremos do conceito de entidades aplicado ao Discover em breve.
Medir o impacto: o que sabemos até agora?
Apesar destas observações, Damien Andell afirma que ainda é cedo para medir quantitativamente o impacto total dos resumos de IA no Discover. O que se pode constatar, no entanto, é um aumento contínuo na frequência destes cartões com resumos de IA nos feeds dos utilizadores nos Estados Unidos.
Em suma, a chegada da IA ao Discover representa uma mudança de paradigma. Por um lado, ameaça a visibilidade dos publishers através de resumos sem fontes claras e da promoção do ecossistema Google. Por outro, abre a porta a uma nova abordagem de SEO, centrada em entidades e na sua relevância no Knowledge Graph, que se torna a chave para alcançar os utilizadores certos no momento certo.
Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.
- Willian Portohttps://naoeagencia.com.br/author/naoeagencia/
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