- AI Overviews recebe imagens e vídeos
- Conteúdo traduzido é a maior parte da SERP
- Após dez páginas, não encontrei o conteúdo desejado.
Em um belo dia, acordei com vontade de comprar um Mac M4 para mim, uma vez que o meu atual, ainda um Intel, está sofrendo. Inclusive, durante a redação deste conteúdo, ele deu alguns engasgos. Como os maias e os incas já faziam, fui procurar uma análise (ou review) do M4 para entender se realmente valia o orçamento.
Normalmente, gosto de ver portais brasileiros. Não por ufanismo ou patriotismo. Só queria dicas de quem passa uma realidade minimamente parecida com a minha. Além disso, as indicações alternativas de gringos nem sempre estão disponíveis em terras tupiniquins.
Entretanto, minha busca foi dificultada por uma série de problemas.
Vamos lá!
Primeiro problema: Onde estão as análises em texto?
Como um bom usuário da Internet dos anos 00, gosto de conteúdo textual. Sem paciência para ficar vendo vídeo.
Na primeira dobra, temos Shopping (pago) e uma série de vídeos:

Mas imaginei, “assim que rolar a tela, verei meus links azuis”. Errado.
Apareceu AI Overviews.
Gigante! Com mais vídeos!

Depois do primeiro vídeo, ainda tem um segundo vídeo.

Por fim, provavelmente, agora verei a minha análise.
Problema 2 – Reddit é vencedor
Ao procurar por um Canaltech da vida, me dou de cara com o Reddit. Não só um Reddit. Mas um Reddit traduzido.

Você se lembra que eu queria uma visão em texto de alguém que usou em português?
Ainda não foi dessa vez.
Problema 3 – Texto de SEO
Confesso que tive esperança com os próximos candidatos. Esse tal de Promotor provavelmente é o que estou esperando. No título do artigo, ainda há menção há trinta dias de uso.

Mas foi pegadinha do Malandro. O texto foi “escrito para SEO”. Não houve nenhum tipo de análise, de fato. “Análise Completa após 30 Dias de Uso” é só uma forma de mostrar mais expertise, algo que o Google diz desejar.

Essa, coincidentemente, é a mesma pegada do “Decidi Comprar”.
Fora isso, mais vídeos (em inglês) e Reddit traduzido:

Para terminar a primeira página, mais conteúdo traduzido:

Ao menos, aqui, de bons sites. As últimas posições da primeira página de uma pesquisa em português mostraram conteúdo de qualidade. Entretanto, tudo em inglês.
Eis o quarto problema.
Problema 4 – Conteúdo em inglês
A segunda página continuou me entregando conteúdo em inglês.

Para dizer que não apareceram duas páginas em português. Mas nenhuma delas era análise de fato. Repercussão de análises, podemos dizer.
Na página 3, nenhum conteúdo em português. Nem na 4. No final da 5, algo me deu esperanças. Mas era por pouco tempo. Duas páginas falavam sobre o lançamento, mas não analisavam nada.

Página 6. 7. 8 e 9. Nada. Desisti.
Como encontrei o conteúdo que eu queria?
Eu comecei a pesquisar pelas empresas que eu conhecia. “Macbook M4 Air + [empresa]”. Felizmente, achei o artigo do Benhamin Lucks.

Em parte do conteúdo, conseguimos até ver o rosto do Ben (desculpe-me a intimidade!):

Um conteúdo que repetia o antigo mantra do Google: “De humanos para humanos”. Ali, tomei minha decisão de compra.
Por que IA está crescendo
Ao longo dessa busca, percebi que não se trata apenas de uma questão de algoritmos mal calibrados ou excesso de anúncios. A experiência de procurar algo específico está ficando cansativa. O usuário médio, que só quer uma resposta rápida, acaba preferindo a objetividade da IA. Mesmo que ela não seja perfeita, a sensação é de eficiência: você pergunta, ela responde. Sem precisar enfrentar cinco páginas de promessas vazias, vídeos em inglês ou reviews disfarçados de SEO.
É claro que, para quem gosta de se aprofundar, ainda falta bastante. Mas para o “resolver agora”, a IA cumpre seu papel. No fim das contas, a lógica é simples: se a busca tradicional não entrega o que queremos, vamos aceitar o atalho — e esse atalho, hoje, é a inteligência artificial.
Nem sempre bons conteúdos são recompensados
O curioso é que o conteúdo que realmente me ajudou não estava no topo, nem sequer perto. Estava “escondido” fora do fluxo tradicional da pesquisa.
Não era um artigo otimizado para SEO, não tinha um título exagerado e tampouco seguia a cartilha da “palavra-chave repetida 12 vezes”. Era apenas um bom texto, escrito por alguém que tinha usado o produto, tirado fotos, formado opinião e, acima de tudo, compartilhado de forma genuína.
Esse contraste é preocupante. Bons conteúdos existem, mas o sistema de visibilidade não está necessariamente favorecendo quem entrega valor real. Muitas vezes, a voz do especialista, do apaixonado ou do curioso sincero é abafada por quem aprendeu a jogar o jogo do algoritmo. E, nesse cenário, o usuário que deseja qualidade precisa se transformar quase em um detetive — desviando de armadilhas, ignorando atalhos, insistindo até encontrar.
E isso explica, em parte, o dilema atual: quanto mais difícil se torna chegar até esses conteúdos, mais forte fica a tentação de aceitar a resposta pronta que a IA coloca na sua frente.
Portais tech estão em queda
Esta matéria ajuda a explicar o que tem acontecido com o mercado tech. Observe como a partir de janeiro, todos os portais tiveram descréscimo de audiência. No caso do TechTech, a queda ultrapassou os 50%.

Aqui, para além do AI Overviews (e futuramente Modo IA), os portais precisam lidar com conteúdo estrangeiro. Pelo gráfico, pode-se ver que os melhores meses neste ano são os que a queda é menor.
É, mais uma vez, difícil confiar no Google.
Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.
- Willian Portohttps://naoeagencia.com.br/author/naoeagencia/
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