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quinta-feira, junho 5, 2025
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Google muda Diretriz para avaliadores para combater sinais falsos de EEAT; isso funciona?

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Sumário

Em janeiro de 2025, o Google atualizou significativamente suas Diretrizes de Avaliadores de Qualidade da Pesquisa (QRG), o documento usado para treinar os humanos que avaliam a qualidade dos resultados de busca. A atualização trouxe um foco renovado e expandido na identificação de múltiplas formas de enganação (deception), com ênfase particular em práticas que tentam simular sinais de EEAT (Experiência, Expertise, Autoridade, Confiança) de forma artificial.

Embora essa mudança continue a tendência de refinar as diretrizes para que os avaliadores identifiquem problemas de qualidade cada vez mais granulares, ela levanta questões importantes: essas diretrizes refletem a capacidade atual do algoritmo do Google ou são mais uma declaração de intenções? E até que ponto essa tentativa de combater “EEAT falso” é eficaz na prática?

As principais mudanças nas diretrizes: um foco expandido na enganação

A seção 4.5.3 das diretrizes foi essencialmente reescrita e expandida, indicando uma possível necessidade de maior clareza para os avaliadores ou sinalizando áreas onde o algoritmo do Google pode, eventualmente, se tornar mais sofisticado.

O título da seção mudou de:

  • 4.5.3 Propósito Enganoso da Página e Design Enganoso do Conteúdo Principal (MC)

Para:

  • “4.5.3 Propósito Enganoso da Página, Informação Enganosa sobre o Website, Design Enganoso”

Essa mudança reflete um escopo mais amplo, abordando novas formas de enganação:

Propósito enganoso

As diretrizes agora incluem exemplos mais explícitos de páginas cujo propósito é enganar:

  • Uma página com informações deliberadamente imprecisas para promover produtos e ganhar dinheiro com cliques em links monetizados.
  • Exemplos específicos: uma página de recomendação de produto falsamente se passando pelo blog de uma celebridade, ou uma recomendação baseada em uma alegação falsa de teste pessoal e independente que nunca ocorreu.

O texto ressalta que o foco não é apenas na informação falsa em si, mas na intenção enganosa por trás da página. A autenticidade no propósito é vista como o oposto direto.

Documentações e Diretrizes de Avaliadores mostram quem o Google quer ser, não o que ele já é

Conteúdo EEAT enganoso (a nova fronteira)

Esta é a adição mais significativa e controversa, visando diretamente as tentativas de fabricar sinais de EEAT:

  • Informações comerciais enganosas: Um site que afirma ter uma loja física (“tijolo e argamassa”) com endereço e fotos falsas, quando na verdade opera apenas online.
  • Perfis “falsos” de proprietários ou criadores de conteúdo: Uso de perfis de autor gerados por IA (imagens, descrições inventadas) para fazer parecer que o conteúdo foi escrito por humanos reais.
  • Informações factualmente imprecisas e enganosas sobre a expertise do criador: Um perfil de autor que afirma falsamente ter credenciais ou expertise (por exemplo, alegar ser um profissional médico sem sê-lo) para fazer o conteúdo parecer mais confiável.

É interessante notar que o próprio texto base para este artigo relembra um ponto crucial frequentemente esquecido por alguns na indústria de SEO: “EEAT não é algo que se adiciona a um site. EEAT é uma qualidade de um site que é inerente…”. As diretrizes parecem tentar combater a simulação dessa qualidade inerente.

As diretrizes também reforçam a identificação de práticas de design que levam os usuários a ações não intencionais:

  • Botões ou links com design enganoso: Elementos que parecem fazer uma coisa (como fechar um pop-up), mas na verdade executam outra inesperada (como baixar um aplicativo).
  • Títulos de página enganosos: Títulos que não têm relação com o conteúdo real da página, enganando o usuário que clicou esperando outra coisa.

Uma conexão notável: a palestra “Fake EEAT until you make EEAT” no BrightonSEO

Apenas alguns meses após a atualização das QRG de janeiro, um debate acalorado surgiu na comunidade de SEO após uma palestra no BrightonSEO UK April 2025 (10-11 de abril). Intitulada “Fake EEAT until you make EEAT”, a apresentação de Emma-Elizabeth Bryne (Diretora de Publishing na Gentoo Media) no palco principal em 10 de abril propôs táticas explicitamente focadas em “fingir” o EEAT.

Relatos e discussões online sobre a palestra indicam que as recomendações incluíam:

  • Associar conteúdo a perfis de autores fictícios.
  • Utilizar “biografias geradas por IA” para esses perfis fabricados.
  • Criar menções falsas em mídias sociais e na imprensa para dar credibilidade a esses autores inexistentes (como o exemplo citado do especialista fabricado “Ethan Kapowski”).
  • A sugestão de usar “reviews do Trustpilot por encomenda” também foi mencionada em resumos de participantes como parte da estratégia de curto prazo para “enganar” os buscadores e “enviar os sinais certos”.

Curiosamente, ou talvez previsivelmente, as táticas controversas propostas por Bryne espelham exatamente os tipos de “EEAT Enganoso”que a atualização de janeiro de 2025 das QRG passou a combater explicitamente, como os perfis de autor falsos, o uso de conteúdo gerado por IA para criar personas e as alegações falsas de expertise.

A palestra gerou forte repercussão negativa. Um relatório da agência Aspectus, por exemplo, classificou a proposta de criar personas falsas como uma tática “black hat” de engano. Outros profissionais reforçaram que tais conselhos são o oposto do que buscadores e usuários esperam em termos de transparência e confiabilidade.

A existência dessa palestra e seu conteúdo, ocorrendo logo após a atualização das diretrizes, evidencia que a tentativa de “fabricar” EEAT é uma prática discutida e, para alguns, considerada. Ao mesmo tempo, a atualização das QRG mostra que o Google está ciente e buscando ativamente equipar seus avaliadores para identificar (e, presume-se, eventualmente penalizar algoritmicamente) essas exatas tentativas de manipulação.

Aqui e aqui temos manifestações no LinkedIn sobre o conteúdo.

Análise crítica: as diretrizes são o que o Google quer ser, não necessariamente o que ele é

Aqui reside o ponto central da análise crítica. As Diretrizes de Avaliadores de Qualidade, embora usadas para treinar humanos que fornecem feedback valioso, muitas vezes representam um estado idealizado da web aos olhos do Google, e não necessariamente a capacidade atual e escalável de seus algoritmos.

  • O Desafio Algorítmico: Identificar nuances de enganação, como um perfil de autor sutilmente fabricado ou uma alegação de expertise ligeiramente inflada, é extremamente difícil para algoritmos em escala global. Enquanto um humano treinado pode detectar essas inconsistências, traduzir essa capacidade para código que funcione em bilhões de páginas é um desafio monumental. O algoritmo pode pegar os casos mais óbvios (spam flagrante, contradições claras), mas a “zona cinzenta” da simulação de EEAT é vasta.
  • Lag entre Diretrizes e Implementação: As atualizações nas QRG podem, de fato, sinalizar áreas onde o Google pretende melhorar seus algoritmos. No entanto, há frequentemente um atraso significativo entre a publicação das diretrizes e a implementação de sinais algorítmicos eficazes que reflitam esses critérios. Os avaliadores fornecem dados, mas esses dados precisam ser interpretados, transformados em sinais viáveis e testados extensivamente antes de impactarem os rankings de forma significativa.
  • O Poder de Persuasão das Diretrizes: O Google sabe que as QRG são lidas atentamente por SEOs e editores. Ao destacar explicitamente práticas como “EEAT falso”, mesmo que a detecção algorítmica ainda não seja perfeita, a empresa envia uma mensagem clara ao mercado. Ela define um padrão de qualidade desejado e influencia o comportamento dos criadores, incentivando-os a buscar autenticidade genuína e desencorajando atalhos, talvez até como forma de “educar” o ecossistema antes que o algoritmo alcance plena capacidade de detecção. É uma forma de guiar a indústria na direção desejada, mesmo que a “fiscalização” algorítmica ainda esteja em desenvolvimento.

Autenticidade como a aposta mais segura (apesar das lacunas)

A atualização de janeiro de 2025 das Diretrizes de Qualidade do Google representa um esforço claro para combater formas mais sofisticadas de conteúdo enganoso, com um foco inédito na falsificação de sinais de EEAT. As diretrizes detalham exemplos específicos de propósitos, informações e designs enganosos que os avaliadores humanos devem identificar.

No entanto, é crucial analisar essas diretrizes com um olhar crítico. Elas descrevem o ideal de qualidade que o Google busca, mas não garantem que os algoritmos atuais consigam detectar e penalizar todas essas nuances de forma eficaz e em escala. Existe uma provável lacuna entre a intenção expressa nas diretrizes e a realidade da implementação algorítmica.

Ainda assim, as QRG servem como um mapa claro da direção que o Google deseja seguir e como uma ferramenta de persuasão para moldar as práticas da indústria. Para criadores de conteúdo e profissionais de SEO, a mensagem implícita é forte: embora algumas táticas enganosas possam passar despercebidas pelos algoritmos hoje, elas vão contra o padrão de qualidade que o Google está ativamente buscando refinar.

Portanto, a estratégia mais segura e sustentável a longo prazo continua sendo focar na autenticidade genuína. Construir verdadeira experiência, demonstrar expertise real, cultivar autoridade legítima e operar com transparência são os pilares que, eventualmente, tendem a ser recompensados, mesmo que o caminho para combater eficazmente a enganação algorítmica ainda seja longo e complexo. Tentar “fabricar” EEAT pode funcionar temporariamente, mas é uma aposta contra a direção futura da busca.

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Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Noticia, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.

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