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Google Discover: profissionais cogitam processar Google por quedas de tráfego

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Sumário

A frustração com as recentes e, para muitos, drásticas quedas de tráfego provenientes do Google Discover atingiu um ponto crítico. Profissionais da área de conteúdo digital e SEO têm manifestado publicamente seu descontentamento, chegando a cogitar ações legais contra o Google. A sensação predominante é que, enquanto o Discover reduz o envio de visitantes, o conteúdo produzido por esses criadores continua sendo utilizado pela gigante das buscas, seja em posições zero ou em respostas geradas por Inteligência Artificial (IA), sem o devido retorno ou compensação.

Ou seja, os editores têm perdido tráfego de todas as formas possíveis. Tanto nas páginas de busca, quanto no Discover.

Para piorar, eles ainda têm notado que conteúdo de qualidade duvidosa tem ocupado o lugar de outros, supostamente, melhores.

Fonte: grupo no Facebook

Leia também: portais relatam quedas superiores a 80% em Google Discover

O descontentamento e o desejo de ação coletiva

A imagem que acompanha diversas discussões online resume o sentimento de muitos: “A galera ainda não entendeu: o Google acaba com o tráfego do Discover e ainda entrega de bandeja nosso conteúdo na busca, seja em posição zero ou com IA. Ou seja, corta o tráfego onde importa e usa o que a gente produz sem retorno nenhum.”

Essa percepção de injustiça levou à ideia de organizar uma “galera ponta firme pra entrar com ação coletiva e denunciar o Google na SENACON (Secretaria Nacional do Consumidor)” ou órgãos equivalentes. A intenção é buscar reparação por perdas significativas de audiência e, consequentemente, receita, que muitos atribuem diretamente às mudanças no funcionamento e na entrega de tráfego do Google Discover.

É importante que fique claro, de todo modo, que os editores não devem se sentir culpados pelas quedas. É uma mudança de produto do Google. Diferentemente do que alguns têm dito, não há relação das quedas com envolvimento de bets ou problemas de UX.

A difícil realidade de uma demanda judicial contra o Google

Apesar da compreensível frustração e do desejo de buscar vias legais, é importante ponderar sobre a viabilidade e os potenciais resultados de tal empreitada. Processar uma gigante como o Google por alterações em um de seus produtos, como o Discover, apresenta desafios consideráveis:

  1. Termos de Serviço e Natureza do Produto: O Google Discover, assim como a Busca orgânica, não é um serviço contratado com garantia de tráfego. Os termos de serviço do Google geralmente conferem à empresa ampla liberdade para modificar seus produtos e algoritmos. O Discover é apresentado como uma funcionalidade para ajudar usuários a encontrar conteúdo de interesse, não como uma promessa de audiência para editores.
  2. Dificuldade em Provar Causalidade Direta e Dano Específico: Seria necessário demonstrar juridicamente que as perdas de tráfego são exclusivamente e diretamente causadas por ações específicas e ilícitas do Google em relação ao Discover, e não por outros fatores (mudanças gerais no algoritmo de busca, concorrência, qualidade do conteúdo, etc.).
  3. Complexidade Algorítmica: A natureza “caixa-preta” dos algoritmos torna extremamente difícil auditar e provar intenções ou manipulações que configurem ilegalidade.

Embora a insatisfação seja legítima, o caminho judicial para obter uma “reparação” financeira ou uma reversão nas políticas do Discover é, realisticamente, íngreme e com poucas chances de sucesso prático em termos de forçar o Google a mudar seu produto ou compensar por tráfego perdido.

A perspectiva crítica: avisos, adaptação e o “80/20 inadvertido”

O Google, em diversas ocasiões e através de seus porta-vozes, sempre ressaltou a volatilidade do tráfego do Discover. A mensagem recorrente é que os sites não deveriam depender exclusivamente dessa fonte de tráfego, pois ela é inerentemente menos estável e previsível do que a busca orgânica tradicional ou o tráfego direto.

É inegável o impacto que o Discover teve (e tem) no ecossistema de conteúdo. Argumentar que os editores não deveriam depender do Discover como uma fonte primária de tráfego, tratando-o meramente como um “plus” ou “bônus”, ignora a realidade operacional e financeira de inúmeros portais, especialmente no Brasil.

  • Discover como Fonte de Receita Consolidada: Para muitos editores, o tráfego do Google Discover não era um extra, mas sim uma fonte significativa e, até certo ponto, previsível de audiência, que se traduzia diretamente em receita publicitária e sustentabilidade financeira. Modelos de negócios inteiros foram construídos ou adaptados em torno desse fluxo de visitantes. Profissionais foram contratados, investimentos foram feitos e estratégias editoriais foram moldadas para atender à demanda massiva que o próprio Google direcionava através do Discover.
  • A Inversão Forçada do “80/20”: Quando uma parcela tão substancial do tráfego (para muitos, bem mais que 50%, chegando a 80% ou mais) vinha do Discover, qualquer mudança drástica e súbita por parte do Google não é apenas um ajuste, mas um terremoto que abala a estrutura do mercado inteiro. Pedir para que os editores agora ignorem a maior fatia do “bolo” de tráfego que o Google mesmo lhes serviu por anos, e que passem a otimizar apenas para a parcela menor restante, é, na prática, uma inversão forçada e prejudicial da regra dos 80/20. Os editores estão sendo compelidos a focar seus esforços nos 20% do tráfego que sobrou, enquanto a maior parte, que sustentava suas operações, desaparece ou se torna imprevisível.
  • A Responsabilidade do Google nas Distorções do Mercado: O Google, ao criar e popularizar massivamente o Discover, e ao direcionar volumes gigantescos de tráfego através dele por um período considerável, incentivou e, de certa forma, validou essa dependência. A empresa não pode se isentar da responsabilidade pelas distorções de mercado que essa dinâmica apoiou e fomentou. Ao “fechar a torneira” ou alterar radicalmente as regras do jogo sem aviso prévio ou mecanismos de transição adequados, o Google impacta diretamente a viabilidade de inúmeros negócios de conteúdo que, em boa fé, se adaptaram para atender a um ecossistema que a própria plataforma ajudou a criar. A alegação de que o Discover sempre foi um “bônus volátil” soa dissonante quando confrontada com a realidade de sua importância estrutural para tantos.

Embora uma ação judicial possa não ser o caminho mais eficaz, a frustração coletiva não precisa ser em vão. Algumas ações podem ser consideradas:

  1. Documentação Detalhada: Profissionais e portais impactados podem (e devem) documentar exaustivamente as quedas de tráfego, as mudanças observadas no Discover, o tipo de conteúdo que parou de performar e o impacto financeiro. Essa documentação está sendo enviada por nós para profissionais do Google no Brasil e fora dela. Contem conosco!
  2. Busca por Transparência: A união dos impactados pode ser poderosa, não necessariamente para um processo judicial, mas para pressionar por mais transparência do Google sobre o funcionamento do Discover e as razões por trás de mudanças tão drásticas. Entender melhor os critérios e as “regras do jogo” pode ajudar na adaptação.
  3. Diálogo com a Plataforma: Embora o Google não tenha obrigação de garantir tráfego, um diálogo construtivo, apresentando dados e os impactos no ecossistema de criadores (que, afinal, alimentam a própria busca), pode levar a considerações futuras no desenvolvimento do produto.

É um momento desafiador para muitos criadores de conteúdo. A dependência de uma única fonte de tráfego sempre apresenta riscos, e as recentes mudanças no Google Discover servem como um duro lembrete da importância da diversificação e da construção de audiências próprias e resilientes.

Enquanto a via judicial parece incerta, a coleta de dados e a busca por um diálogo mais transparente com o Google podem ser passos mais pragmáticos para os profissionais e portais afetados.

Entre em contato conosco e nos ajude a documentar todas as distorções.

Publisher e Especialista em SEO | Web |  + posts

Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Noticia, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.

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