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terça-feira, junho 3, 2025
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Google Discover: Google deixa claro sua preferência por conteúdo inútil, após 40 dias de desordens

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Sumário

Depois de mais de 40 dias de quedas consecutivas de Discover, muitos editores ainda estão sem entender os próximos caminhos a serem tomados pelo negócio. Em vários casos, as quedas superiores aos 70% colocam em xeque a sobrevivência do negócio e de muitos empregos.

Agora, faremos uma recapitulação de todos esses dias de angustia e incerteza para muitos profissionais.

Discover é um canal como qualquer um

Discover sempre foi tratado como um canal de excedente por muitos profissionais de tráfego, principalmente por SEOs. Em Discover, “o que vier é lucro” é a frase repetida por muito deles.

Entretanto, isso acontece especialmente por uma visão e-commerce first. Profissionais que vivem de compras e aquisição de leads têm grandes dificuldades em entender que a maior parte da Internet sobrevive do clique e de publicidade.

Nesse sentido, lidar com o protagonismo do Discover em portais sempre foi complicado. Aliado a isso, as próprias falas dos representantes do Google ajudam nessa interpretação. Variadas vezes, foi-se dito para não confiar no tráfego vindo de Discover, uma vez que, pela própria natureza era oscilante.

Entretanto, isso não se confirma em muitos portais de notícias. É comum que o tráfego de Discover seja mais previsível que as próprias buscas orgânicas. Ao menos, era.

Quedas do setor inteiro

Dados do SEMRush nos mostram que dos 20 sites de notícias (classificados pela ferramenta), apenas 1 deles teve alta em abril.

Dados do SEMRush sobre tráfego de Notícias em abril.

Curiosamente, o portal destacado foi justamente aquele que denunciamos por problemas de SEO parasita ou abuso de autoridade.

Vale ressaltar que os dados de abril não são tão ruins como relatamos na nossa primeira reportagem, uma vez que praticamente metade do mês o tráfego foi normal (a queda aconteceu depois do dia 14 de abril).

Dica: Você pode fazer análise parecida com o Competitive Research da SEMRush. Teste por 7 dias grátis.

Algumas reversões

Durante o período, tentamos entender com vários editores se houve mudança significativa no cenário. Na maior parte dos casos, não. Entretanto, ainda assim, algumas empresas conseguiram recuperar parte considerável do seu tráfego.

Uma delas foi a Itatiaia, site de notícias da rádio mineira:

Em alguns dias, o tráfego foi superior em 400%, no mínimo 150%. Fonte: Similarweb

Depois do dia 3 de abril, a empresa conseguiu um aumento de até 400%. Mesmo nos dias mais fracos, o acréscimo foi de 150%.

Outro site beneficiado neste período foi o Click Petróleo e Gás. Depois de sucessivas quedas, o site reagiu.

O site Click Petróleo e Gás em grande recuperação. Fonte: Similarweb

Nesse caso, as sucessivas quedas anteriores nos faz imaginar que o site tenha passado por uma ação manual que, posteriormente, foi revertida.

Se é possível encontrar alguns casos de reversão, a maior parte do setor permanece praticamente da mesma forma.

Queda

Por outro lado, o site Estado de Minas, um dos denunciados sobre Abuso de Autoridade, não conseguiu sustentar nos últimos dias a vantagem conseguida.

Nos últimos dias, o portal não consegue passar dos 45% do total anteriormente conseguido.

Infelizmente, os outros dois portais do grupo continuam com a mesma força e estratégia.

Como é o Discover atual?

O Discover atual, conforme relatado, tem sido uma mistura de fakenews e grandes banalidades.

Diferentemente do que foi conhecido, deixou de ser um canal de hipersegmentação em que as pessoas acessavam exatamente aquilo que pesquisavam e tinham claro interesse.

Por um lado, isso facilitava o ganho rápido de tráfego – conhecemos portais que conseguiram mais de 1 milhão mensal em poucos meses, por outro sinalizava aos editores que quanto mais um conteúdo era segmentado, maiores eram as chances de conseguir atrair atenção das pessoas certas.

Analisei as 93 inserções do feed acima. E alguns itens chamaram atenção:

Players que mais apareceram no Discover

Primeiro ponto relevante foi que nenhum dos sites do meu feed eram os do dia a dia. Isso significa que a capacidade do Discover em enviar conteúdo de marcas já conhecidas não estava mais presente.

Depois, 30% do meu feed de Discover foi preenchido por apenas 6 veículos, mostrando a predominância de alguns players.

Quatro matérias falavam sobre carros, mas além de não dirigir, nem mesmo tenho um. Sou uma das pessoas que menos sabe sobre carros nessa terra.

Por fim, outro ponto relevante é a quantidade de cards de jogos de futebol não relacionados com o clube que eu torço.

Ou seja, temos uma segmentação fraca capaz de entender um princípio de interesse, além de conteúdo geral não segmentado.

Qualidade

Como relatamos aqui, os conteúdos do Discover passaram a ter qualidade duvidosa. Veja:

Mesmo para quem gosta da temática, o conteúdo é ruim

Os espaços de vários veículos foram vendidos para empresas que exploram publicidade. Como contrapartida, oferecem ao usuário esse tipo de experiência:

Não há autor. Não há conteúdo de qualidade. Não há quase nada além de um conteúdo feito para aparecer no Discover. O oposto das diretrizes do Google, que não parece ligar para isso.

Teoria dos slots

Como mostramos, há real dificuldade atual em “entrar” no Discover. Além da baixa segmentação, aparentemente, há uma pré-definição sobre quais sites ocuparão cada tipo de entidade descrita.

Por exemplo, um determinado site de anime e games passou a ter tráfego em Discover apenas para games.

A ideia é que, para determinados temas ou tipos de consulta implícita que alimentam o Discover, o Google pode estar optando por dar preferência ou visibilidade a um número muito limitado de players ou fontes.

  • Como funcionaria: Em vez de uma distribuição mais pulverizada de conteúdo de diversas fontes, o Discover poderia estar “escolhendo” alguns poucos domínios ou artigos para serem as principais referências para certos tópicos ou interesses dos usuários.
  • A consequência: Se o seu site não fizer parte desse seleto grupo de “escolhidos” para um determinado conjunto de interesses, ele simplesmente fica de fora da distribuição significativa de tráfego para esses usuários, independentemente da qualidade individual de um artigo específico.

O que fazer?

Conforme mostramos acima, os editores, na maioria dos casos, não podem ser acusados de erros técnicos ou de estratégia na formulação dos conteúdos. Enquanto bons sites perderam a maior parte do seu tráfego, outros, com qualidade inferior continuam intocáveis.

Nesse sentido, até que o Google reveja sua decisão, os editores devem procurar novas formas de conseguir tráfego orgânico.

Em muitos casos analisados, otimizações importantes para Pesquisa foram desprezadas, uma vez que a maior parte do tráfego estava alocada em Discover.

Por mais que entendamos a decisão de negócios do momento, esses sites precisam procurar oportunidades para aparecerem em outras frentes do Google, como Notícias, Pesquisas e AI Overviews.

O que o Google diz?

Perguntamos para profissionais do Google sobre o acontecido. Oficialmente, os profissionais não quiseram fazer declarações públicas. Procurada, a Assessoria de Imprensa da empresa não respondeu.

Publisher e Especialista em SEO | Web |  + posts

Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Noticia, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.

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