Em um cenário digital em constante evolução, marcado pelo que muitos chamam de “Grande Desacoplamento” – onde as experiências do usuário e a entrega de informações se fragmentam além dos motores de busca tradicionais –, e especialmente com as frequentes atualizações de algoritmos do Google, como o recente Helpful Content Update (HCU), muitas empresas se veem em queda de visibilidade orgânica.
É exatamente nesses momentos de vulnerabilidade que um mercado paralelo de “soluções rápidas” e “novas tendências” surge, muitas vezes oferecidas por agências e consultores que buscam lucrar com a incerteza e o desespero.
Você, com certeza, deve ter lido o material de alguém que acredita que há uma nova abordagem e que se você não segui-la perderá muito dinheiro.
Este artigo explora como essa dinâmica se desenrola em meio ao “Grande Desacoplamento” e, mais importante, oferece orientações sobre como as empresas podem se proteger de investimentos infrutíferos em um momento já delicado.

O mercado da incerteza
Quando uma empresa sofre uma queda drástica no tráfego orgânico, a primeira reação é buscar ajuda. É aí que algumas agências e consultores, oportunistas, entram em cena.
Eles abordam proativamente empresas em declínio, prometendo a “bala de prata” que resolverá seus problemas, mesmo quando a recuperação é improvável ou impossível devido a fatores estruturais ou a atualizações como o HCU, que como demonstramos, não há melhoria possível para reverter o quadro.
Muitas vezes, a narrativa é de que “o SEO tradicional está morto” e que uma “nova” metodologia é necessária. Conceitos como AEO (Answer Engine Optimization) e GEO (Generative Engine Optimization) são renomeados ou hipervalorizados para justificar pacotes de serviços caros, mesmo que, na prática, o serviço oferecido seja pouco mais do que as melhores práticas de SEO já existentes.
Há única mudança e um rótulo, suficiente para gerar faturamento adicional. A realidade é que essas “novas” otimizações são frequentemente extensões do que já se faz em SEO, e não substituições milagrosas.
AEO, GEO e LEO tem metodologia própria?
Lily Ray, uma voz respeitada na indústria de SEO, critica veementemente essa narrativa. Ela afirma:
“A narrativa de que ‘SEO não importa mais’ ou ‘SEO está morto’ porque ‘GEO / AEO é a nova tendência quente’ é uma das abordagens mais imprecisas e irresponsáveis que vi em meus mais de 15 anos nesta indústria. E estou vendo muitas pessoas sendo enganadas pelo que é essencialmente ‘óleo de cobra’ de IA de pessoas usando o medo para tentar vender produtos.”
Ray enfatiza que, embora existam novas táticas e abordagens relacionadas à visibilidade em IA e LLM (Large Language Model) para pesquisa, e novas métricas a serem consideradas, isso não significa que o SEO está morto. Pelo contrário, o trabalho que fazemos para ser visível nos motores de busca é mais importante do que nunca, pois se relaciona diretamente com a visibilidade em respostas de IA.
Estudos recentes, como “Websites With More Organic Search Traffic Get Mentioned More in AI Search” de Patrick Stox (Ahrefs), demonstram uma enorme sobreposição entre sites que se saem bem em SEO e aqueles mais frequentemente citados em respostas de IA. Isso ocorre porque as AI Overviews do Google e o AI Mode, assim como outros LLMs (ChatGPT, Perplexity), puxam informações de índices de motores de busca como Google e Bing. Se o seu site não é indexado, descoberto e visível em motores de busca tradicionais, ele estará em grande desvantagem na busca por visibilidade em IA.
Além disso, o Google continua sendo o líder de mercado. Dados de Rand Fishkin (SparkToro) mostram que, em 2024, o Google recebia quase 14 bilhões de pesquisas por dia – 373 vezes mais que o ChatGPT. Embora o ChatGPT esteja crescendo rapidamente, sua escala ainda é incomparável à do Google.
Muitas das “recomendações” para visibilidade em IA são, na verdade, idênticas às práticas que SEOs experientes têm recomendado por anos: conteúdo bem estruturado, foco em entidades, conteúdo autoral e com dados originais, uso de dados estruturados (FAQs, Q&A), conteúdo legível e digerível, antecipação das próximas perguntas do usuário e criação de conteúdo multimídia. Isso não é uma revolução, mas uma evolução do SEO.
Em alguns casos, você verá pessoas que nem mesmo têm real experiência com SEO querendo capitalizar em cima da queda da indústria. Como é um mercado valioso, momentos de incerteza tendem a nivelar o jogo. XEO é novo, então nada melhor do que contratar uma novidade no mercado, muitos podem pensar.

Dicas para não cair no conto do vigário
Em tempos de incerteza e quedas de algoritmo, é crucial manter a calma e a racionalidade. Aqui estão algumas dicas para evitar investimentos desnecessários ou prejudiciais:
- Analise a concorrência (Pares de Mercado): Em tempos de quedas algorítmicas, como a queda de Discover, procure entender se seus concorrentes ou pares de mercado estão se recuperando. Se a grande maioria dos sites no seu nicho ou com perfis semelhantes está sofrendo e não há sinais de recuperação generalizada, gastar grandes quantias de dinheiro em “soluções mágicas” pode ser um erro. Pode não haver uma solução rápida ou fácil para um problema sistêmico do algoritmo, e o investimento pode se tornar um custo irrecuperável.
- Evite decisões precipitadas: Em tempos de indefinição, evite tomar decisões drásticas e rápidas na frente dos demais. É fácil cair no argumento de que “os primeiros dominaram o mercado”, mas isso raramente é verdadeiro em um cenário tão dinâmico quanto o SEO. O que funciona hoje pode não funcionar amanhã, e novas estratégias estão sempre surgindo.
- Opte por movimentos modestos e experimentais: Em vez de tentar mudar grandes estruturas ou investir em soluções “tudo ou nada”, comece com pequenos passos. Teste, valide e tenha elasticidade para mudar rapidamente quando o cenário estiver bem definido. Desconfie de quem sugerir grandes modificações ou investimentos astronômicos como única saída. Um bom parceiro de SEO irá propor experimentação e adaptação, não soluções prontas e inflexíveis.
- Atenção aos riscos: Cuidado com táticas que prometem “hacks” para ganhar visibilidade em IA mas que violam as diretrizes dos motores de busca. Essas abordagens podem levar a penalidades, prejudicando ainda mais sua visibilidade em SEO tradicional e, consequentemente, em respostas de IA. Além disso, a implementação de táticas que fazem sua marca parecer questionável (como publicar artigos elogiando sua própria empresa) não constrói confiança com o público e pode ser classificada como “LLM poisoning”, com o risco de se tornar ineficaz ou prejudicial com futuras atualizações dos modelos de linguagem.
A otimização de conteúdo para visibilidade em respostas de IA é uma evolução do SEO, não um substituto. Indivíduos que afirmam que “SEO não importa mais” estão, na verdade, fazendo mais mal do que bem. Em tempos difíceis, a chave é a cautela, a análise crítica e o investimento em fundamentos sólidos de SEO, em vez de perseguir promessas vazias e “soluções” que podem drenar seus recursos sem entregar resultados reais.
Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.
- Willian Portohttps://naoeagencia.com.br/author/naoeagencia/
- Willian Portohttps://naoeagencia.com.br/author/naoeagencia/
- Willian Portohttps://naoeagencia.com.br/author/naoeagencia/
- Willian Portohttps://naoeagencia.com.br/author/naoeagencia/

