Google prepara terreno para chegada de anúncios no Modo IA; CTR pode diminuir ainda mais?

Willian Porto
5 Min Read

De acordo com a Ad Age, O Google está se preparando para uma mudança monumental na publicidade online, integrando anúncios diretamente em sua experiência de busca com Inteligência Artificial (IA) Conversacional, o que a empresa chama de Modo IA. Essa iniciativa não é apenas uma pequena atualização, mas sim uma redefinição completa de como os anúncios são segmentados e exibidos, movendo o foco de palavras-chave isoladas para o contexto completo da conversa do usuário.

De Palavras-Chave a Conversas

Tradicionalmente, os anúncios de busca do Google funcionam com base em palavras-chave. Se você pesquisar “melhores tênis de corrida”, verá anúncios de marcas que segmentam esse termo. No Modo IA, a lógica é diferente. A IA analisa toda a conversa do usuário para entender a intenção e o interesse.

Por exemplo, um usuário pode começar perguntando: “Quais são os benefícios de correr de manhã?” Depois de algumas interações, ele pode perguntar sobre calçados específicos. A IA do Google, ao considerar todo o contexto da conversa, pode inferir que o usuário é um corredor iniciante buscando equipamento. Com essa informação, ela pode exibir anúncios de tênis de corrida para iniciantes ou até mesmo de aplicativos de monitoramento de treino, algo muito mais preciso do que apenas segmentar a palavra “tênis”.

Essa abordagem, que o Google detalha em um documento interno, representa uma mudança de paradigma. O objetivo é que a segmentação seja mais inteligente e menos intrusiva, tornando os anúncios uma parte natural da experiência conversacional.

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Impactos nos anunciantes

Para as marcas, essa transição exige uma adaptação estratégica. O Google está orientando agências e anunciantes sobre como se preparar, e alguns pontos são cruciais:

  1. Contexto: O sucesso dos anúncios não dependerá mais apenas de uma lista de palavras-chave. As campanhas precisarão ser otimizadas para o contexto e a intenção do usuário, o que pode envolver uma revisão das estratégias de mensagens e criativos.
  2. Integração com IA: Campanhas de Performance Max, que já utilizam IA para otimizar o desempenho, serão automaticamente exibidas no Modo IA. O Google também está lançando o AI Max for Search, uma nova versão que promete um desempenho ainda melhor nesse ambiente conversacional.
  3. Dados do Produto (Feed Hygiene): O Google enfatiza a importância da “higiene do feed”, que significa manter os dados de produtos (descrições, preços, imagens) sempre atualizados e precisos. A IA depende dessas informações para criar anúncios relevantes e de alta qualidade.
  4. Formatos Similares: Apesar da nova lógica de segmentação, os formatos dos anúncios continuarão sendo principalmente baseados em texto e produto, similares aos que já conhecemos.

Desafios para o Google

Apesar de ser uma inovação promissora, a monetização da busca com IA levanta questões complexas. O Google precisa equilibrar a nova experiência do usuário com a proteção de sua principal fonte de receita, que são os anúncios de busca.

  • Comportamento do usuário: O Google precisa descobrir se os usuários irão clicar em links sugeridos pela IA da mesma forma que clicam em resultados de busca tradicionais. Se o engajamento for menor, a empresa terá que repensar o modelo de pagamento.
  • Modelo de receita: O modelo de pagamento por clique (CPC) pode não ser o mais eficaz. O Google está explorando alternativas, como o custo por mil impressões (CPM), que poderiam se encaixar melhor em um ambiente onde o valor está mais na exposição do anúncio do que no clique em si.
  • CTR orgânico: o CTR orgânico já está em queda livre há algum tempo. Anúncios no Modo IA diminuirá ainda mais esse número?

Essa iniciativa é uma aposta do Google para provar que é possível continuar rentabilizando a busca em novos contextos, como Modo IA.

A expansão dos anúncios no Modo IA está prevista para acontecer antes do quarto trimestre, visando a lucrativa temporada de compras de fim de ano. Essa será a oportunidade para o Google e para as marcas testarem e validarem essa nova era da publicidade digital. Ao mesmo tempo, a preocupação com a continuidade e viabilidade do modelo orgânico persiste.

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Publisher e Especialista em SEO | Web |  + posts

Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.

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