Nos últimos meses, vários profissionais de notícias e conteúdo tem comentado sobre o quanto produzir conteúdo para SEO prejudicou o desenvolvimento da Internet.
Entretanto, na prática, vemos que vários portais, mesmo alguns dos mais famosos, ainda têm uma produção baseada para SEO em vez de se preocupar em levar valor para seus leitores.
Feriado?
A imagem abaixo mostra uma pesquisa não muito peculiar. Quando há uma quantidade de cidades com feriados e outras não, é comum querer saber se a sua cidade é contemplada. Além disso, os mais curiosos querem saber o que levou ao feriado.
Entretanto, observe como os títulos dos textos foram escritos. Na imagem, pelo menos 4 deles foram redigidos de maneiras bem parecidas: “Dia 15 de agosto é feriado?”. Essas perguntas não fazem parte da forma com que as matérias são escritas normalmente.
O fato de serem muito parecidas mostram que foram redigidas levando em consideração pesquisas de palavras-chave, pois é exatamente assim que as pessoas pesquisam.

Discover
Na imagem acima, observe também que 7 dos 8 conteúdos escondem os locais em que há feriado. Isso serve, dentre outras coisas, para aumentar o clique em Discover.
Veja, também, que alguns vão além. Títulos como “Governo anuncia feriado em 15 de agosto e brasileiros comemoram” vão um passo depois da simples curiosidade, beirando o fakenews, uma vez que não houve anúncio recente sobre feriado.
Na matéria, não houve, nem mesmo, registro de comemorações de brasileiros. Inclusive, o uso de brasileiro leva o usuário médio a considerar ser um feriado nacional.
Os portais acima não são os únicos. Na primeira tela, vimos notícias relacionadas com feriados. Agora, buscamos exatamente pelo dia, 15 de agosto. Veja:

Aqui, vemos mais um portal usando da estratégia útil, principalmente, para Discover. Agora, termos como descanso prolongado e brasileiros.
Qual objetivo desse tráfego?
Em primeiro lugar, considerando que esse tipo de conteúdo gere tráfego relevante (o que é duvidoso!), isso nos mostra estratégias, principalmente voltadas ao SEO, em obtenção de visitas a qualquer custo. Esses portais procuram oportunidades para conseguir pageviews.
Em um cenário difícil para os publishers, qualquer oportunidade se mostra uma oportunidade valiosa. Tráfego é tráfego. Principalmente em modelos em que a publicidade é primordial para sustentar os serviços.
Dificilmente, esse tráfego retorna algum valor posterior, como assinaturas, inscrições em newsletter ou engajamento com a página. Mas o objetivo principal foi cumprido: alguém entrou na página.
Nesse cenário, a ideia do Google de valor do usuário se perde. Para boa parte dos portais, o que há mais de valioso é a visita, ainda que não exista interesse real no conteúdo ou no site.
A estratégia tem valor duvidoso
Mesmo em um ambiente regado por IA, esse tipo de ação tem valor duvidoso. Constamos 180 matérias com títulos parecidos criadas na última semana. Como o tráfego não é dividido, alguns poucos portais levam todas visitas disponíveis para essa intenção de busca e interesse em Discover.
Ou seja, destes 180. portais, 170 devem ter tido resultados marginais ou nulos com a criação dessas páginas. No caso, mais uma vez, quanto maiores são os portais, mais eficazes tendem a ser esse tipo de estratégia centrada em tópicos de muita procura e pouco valor. Para os demais, tende a não fazer sentido.
Rápido e devagar
Além disso, um dos principais valores no trabalho de SEO é procurar oportunidades. Isso significa que há muita gente fazendo perguntas e poucos portais dispostos a responder. Nesse caso, os sites encontram pautas valiosas para ajudar pessoas e ter tráfego ao mesmo tempo.
Entretanto, isso nos leva a outros pontos importantes: qual a capacidade dos sites, principalmente dos médios e pequenos, em conseguir encontrar as oportunidades?
Quando falamos dos maiores, qual a disponibilidade dos profissionais para fazer pesquisas mais amplas e complexas que retornem mais do que valor financeiro?
Nossos diretores e especialistas estão dispostos a gastar tempo e energia nesse tipo de pauta ou basta ou basta, simplesmente, abrir sistema como o Google Trends e encontrar oportunidades, mesmo que todos os demais já tenham coberto o assunto?
O caso aqui relatado faz mais do que mostrar uma prática corriqueira (se quiser ver mais exemplos, veja páginas de futebol) no ambiente jornalístico em SEO. Ele escancara o quanto somos tomados por práticas rápidas, mesmo que os resultados em longo prazo não sejam os melhores.
Além disso, nosso interesse não está, na maior parte das vezes, na demonstração de valor, mas em um pseudo ranqueamento.
Observe, aqui, como mais uma vez, os títulos são parecidos:

Entretanto, a notícia de destaque foge ao padrão.
Isso nos mostra que o padrão é um tipo de viés de SEO. Os principais resultados têm um padrão parecido não por privilégio do Google ou interesse algorítmico, mas por pura cópia (ás. vezes, inconsciente) dos portais. Quando um Publisher vê que outro está bem posicionado, a tendência é querer estruturar o conteúdo de forma parecida.
Nesse caso, não devemos culpar o Google pela falta de originalidade. Outros tipos de conteúdo que trabalham os seus termos de forma distinta, como mostramos aqui, também conseguem seu lugar ao sol.
Precisamos, dentre outras coisas, que o SEO seja visto de forma diferente dentro das redações. Seus usuários e a Internet agradecem.
Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.
- Willian Portohttps://naoeagencia.com.br/author/naoeagencia/
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