A Perplexity AI, uma startup de inteligência artificial em rápido crescimento, está tentando reescrever as regras do jogo entre a tecnologia e a mídia. Em um movimento que pode revolucionar a forma como o conteúdo de notícias é monetizado na era da IA, de acordo com a Bloomberg, a empresa anunciou um novo programa que remunerará os veículos de imprensa pelo uso de seus artigos em buscas e respostas geradas por inteligência artificial.
Essa iniciativa surge em meio a crescentes tensões e disputas legais. Editoras como a Forbes e a Condé Nast acusaram a Perplexity de usar seus conteúdos sem permissão, e a empresa está enfrentando um processo de direitos autorais movido pela News Corp. Com esse novo programa, a Perplexity busca transformar um campo de batalha em uma parceria lucrativa.
Como modelo funciona?
A essência da proposta é simples: em vez de ver a IA como um ladrão de tráfego, os veículos de imprensa são convidados a se tornarem parceiros de receita. O CEO da Perplexity, Aravind Srinivas, explicou que a empresa alocou $42.5 milhões para serem distribuídos entre os participantes do programa.
A compensação ocorrerá de três maneiras principais, todas vinculadas ao novo navegador Comet da Perplexity:
- Tráfego Direto: Quando usuários acessam os sites dos publishers através do navegador Comet.
- Consultas de busca: Quando artigos dos parceiros aparecem nas respostas de buscas.
- Assistente de IA: Quando o conteúdo é usado para completar tarefas pelo assistente de IA do Comet.
Perplexity Plus e a Divisão de Receita
Para financiar esse ecossistema, a Perplexity introduziu o Comet Plus, um novo plano de assinatura que custa $5 por mês. Similar ao Apple News+, essa assinatura dará aos usuários acesso a um conteúdo selecionado e exclusivo dos veículos parceiros.
O modelo de divisão de receita é notavelmente favorável aos criadores de conteúdo: os publishers participantes receberão 80% da receita gerada pelas assinaturas, enquanto a Perplexity ficará com os 20% restantes. Esse modelo, que remunera com base na utilidade do conteúdo para as buscas e assistentes de IA, é um dos primeiros de seu tipo e se diferencia dos acordos de licenciamento de múltiplos milhões de dólares feitos por gigantes como a Google e a OpenAI.
Segundo Jessica Chan, chefe de parcerias com publishers na Perplexity, a meta é clara: “Queremos criar um novo padrão de compensação.” Ela argumenta que o modelo tradicional, baseado em cliques e tráfego de busca, é antiquado e não se sustenta mais na era da IA.
Uma abordagem inovadora, mas com desafios
Enquanto a Perplexity se posiciona como uma pioneira na busca por um acordo justo com a indústria da mídia, a empresa ainda enfrenta obstáculos. Além dos processos judiciais, a startup foi acusada pela empresa de cibersegurança Cloudflare de violar as regras de rastreamento de sites. A Perplexity defende que seu assistente de IA apenas “acessa” sites sob demanda de um usuário e não os “rastreia” para treinar modelos, o que a isentaria de certas regras de navegação.
Apesar das controvérsias, o movimento da Perplexity é um sinal claro de que o debate sobre como a IA deve interagir e compensar os criadores de conteúdo está longe de acabar. Ao oferecer uma solução tangível para um problema complexo, a empresa tenta se posicionar não como adversária, mas como uma parceira estratégica para a indústria da notícia.
Remuneração
Além disso, o sistema corre o risco de recompensar, mais uma vez, ações em quantidade em vez de qualidade. Ideias como tráfego direto e citações recompensam as fontes utilizadas, não necessariamente as primárias.
Outro ponto relevante é que isso pressiona os portais a liberarem os bots de Perplexity a acessarem as páginas, mas o potencial inicial é limitado, uma vez que está restrito ao navegador Comet, pouco utilizado no momento.
Para dificultar ainda mais a situação, os recursos estão ligados a uma assinatura, a Comet+. O valor destinado, neste primeiro momento, de 42 milhões deve ser insuficiente, inclusive, para o mercado americano.
Ou seja, embora a ideia seja interessante, ela é parecida, no mérito, com o Offerwall do Google. Um potencial de receita diminuto, ainda que na superfície tenda mostrar uma benevolência da empresa.
Ainda não se sabe quais veículos de imprensa já aderiram ao programa, mas a Perplexity já trabalhou com nomes como a Time, Los Angeles Times e Fortune em iniciativas anteriores. A pergunta que fica é: esse novo modelo será a chave para um relacionamento sustentável entre a tecnologia e o jornalismo, ou é apenas um passo em uma longa e complexa jornada?
Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.
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