Google lança o Web Guide, agrupamento de Páginas na pesquisa; ele pode ser perigoso para editores?

Willian Porto
6 Min Read

O Google está inovando mais uma vez na forma como organizamos as informações na internet. Nesta quinta-feira, a gigante da tecnologia lançou um novo recurso com inteligência artificial (IA) chamado Web Guide, que visa aprimorar a organização dos resultados da Pesquisa Google.

Essa funcionalidade, parte dos Search Labs experiments, utiliza a IA para agrupar páginas relacionadas a aspectos específicos de uma consulta de busca. De forma prática, o modo, quando habilitado, não consta com os links azuis tradicionais, nem mesmo com as paginações. De forma prática, torna-se mais difícil e complexo conseguir a classificação.

Os Search Labs experiments são uma iniciativa do Google para testar novas ideias, permitindo que os usuários optem por participar daqueles que lhes interessam. Esses experimentos podem ser ativados ou desativados a qualquer momento e incluem desde o AI Mode do Google e o Notebook LM, até ferramentas de criação de filmes como o Flow, além de ideias mais segmentadas, como um programa de áudio baseado nas notícias do feed do Google Discover.

O novo experimento Web Guide é uma variação da técnica de “fan-out” para exibir resultados de pesquisa que o Google já emprega em seu AI Mode. A funcionalidade é impulsionada pelo Gemini, que auxilia o Google a compreender melhor a consulta de busca e, em seguida, vincular a outras páginas que poderiam ter sido perdidas em uma pesquisa tradicional.

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Como o Web Guide funciona na prática?

O Google sugere que o recurso é especialmente eficaz para consultas de pesquisa abertas, como “como viajar sozinho no Japão”, ou até mesmo consultas mais complexas e com várias frases. Por exemplo, você poderia perguntar algo como: “Minha família está espalhada por vários fusos horários. Quais são as melhores ferramentas para manter a conexão e relacionamentos próximos apesar da distância?”.

Cada seção dos resultados da pesquisa se concentrará em um tipo de resposta à consulta. No exemplo da viagem solo, o Web Guide exibiria agrupamentos focados em guias abrangentes, dicas de segurança, links onde as pessoas compartilharam suas experiências pessoais, entre outros.

Observe um teste para Cruzeiro:

Teste com Web Guide para Cruzeiro

Observe como a diversidade da páginas de busca torna-se comprometida com Guide,

Disponibilidade e Expansão

Inicialmente, o experimento estará disponível para aqueles que optarem por participar e irá reconfigurar os resultados da pesquisa na guia “Web” da Pesquisa. Você também poderá desativar essa Web View diretamente dessa guia, caso queira visualizar os resultados padrão sem desativar o experimento por completo. Com o tempo, o Google afirma que o experimento se expandirá para outras áreas da Pesquisa, incluindo a guia “Todas”.

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Web Guide é um perigo para os editores?

A chegada do Web Guide levanta uma questão crucial para os editores de conteúdo: será que essa nova forma de agrupar páginas é perigosa para o tráfego dos seus sites?

Por um lado, a otimização da pesquisa com IA pode ser benéfica, uma vez que ao agrupar resultados de forma mais inteligente, o Google pode direcionar usuários a conteúdos mais relevantes e específicos, o que teoricamente aumentaria a qualidade do tráfego. Se o Web Guide realmente ajuda a “linkar para outras páginas que poderiam ter sido perdidas”, isso poderia, em tese, expor sites menores ou menos visíveis a um público mais amplo que não os encontraria em uma busca tradicional.

No entanto, o receio dos editores é válido. Se o Google passar a apresentar uma espécie de “resumo” ou “guias completos” dentro dos próprios resultados da busca, agrupando informações de diversas fontes, o usuário poderia ter sua necessidade de informação satisfeita sem precisar clicar e visitar as páginas originais. Isso poderia levar a uma redução significativa do tráfego orgânico para os sites de notícias, blogs e portais de conteúdo.

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Como vimos, as páginas de Web Guide se tornam menos diversas, já que o agrupamento tende a ser menos diverso. Além disso, não outros snippets, exceto o de AI Overviews, o que compromete páginas de notícias, por exemplo.

A “fan-out technique” já utilizada no AI Mode do Google já sinaliza uma tendência de apresentar mais informações diretamente na página de resultados. Com o Web Guide, essa tendência se aprofunda, gerando a preocupação de que o Google esteja construindo uma “camada de conteúdo” própria, diminuindo a necessidade de os usuários saírem da plataforma para consumir informações.

Outro ponto de atenção é a curadoria algorítmica. Embora o Gemini seja poderoso, a forma como ele seleciona e agrupa as informações pode não ser transparente para os editores. Quais critérios serão utilizados para decidir quais páginas serão incluídas em cada agrupamento? Isso pode impactar a visibilidade e a hierarquia dos sites dentro desses novos blocos de resultados.

Em última análise, o impacto do Web Guide para os editores dependerá de como o Google implementará essa funcionalidade em larga escala.

Não é claro se é possível melhorar a experiência do usuário retirando suas possibilidades de escolha. Outro ponto de atenção é a possibilidade de reduzir ainda mais os cliques em links externos. Os editores, que já enfrentam desafios, podem enfrentar ainda mais desafios na busca da manutenção do seu tráfego e, consequentemente, dos seus modelos de negócio. O monitoramento e a adaptação serão cruciais para os editores nos próximos meses.

Publisher e Especialista em SEO | Web |  + posts

Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.

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