O comportamento do usuário digital na América Latina é um estudo de contrastes. No segundo trimestre, observamos um público mais engajado, que passa mais tempo consumindo conteúdo. No entanto, essa maior atenção vem acompanhada de uma profunda mudança nos canais de aquisição, com as redes sociais ganhando o espaço antes dominado pela busca orgânica.
- Tempo de engajamento
- América Latina ainda é o local com menos acesso por dispositivos móveis
- Região Sudeste
- Região Sul
- Região Centro-Oeste
- Região Norte
- Região Nordeste
- Ranking das regiões por penetração de aparelhos 5G
- América Latina tem queda acentuada no percentual de tráfego orgânico
- Crescimento em tráfego social
Este relatório, fornecido por Chartbeat, mergulha nesses dados e expõe outra camada de complexidade: a persistente desigualdade no acesso móvel, que posiciona a América Latina atrás de outras regiões e se manifesta de forma acentuada dentro do Brasil, criando um abismo digital entre o Sudeste e as regiões Norte e Nordeste.
Tempo de engajamento
No último trimestre, os usuários na América Latina passaram mais tempo na páginas. Em vez dos 24.9 segundos do Q1, a audiência esteve 31.7s.
Isso significa que, de forma geral, as pessoas se engajaram mais com os conteúdos acessados.

América Latina ainda é o local com menos acesso por dispositivos móveis
Os resultados estiveram em linha com o último trimestre. No Q2, 65% dos acessos foram de dispositivos móveis, contra 66% do Q1.
Entretanto, o maior Insight presente aqui é o quanto a América Latina ainda tem para crescer em acesso em tablets e celulares. É a região com menor uso percentual do mundo.

No Brasil, a desigualdade tecnológica ainda é grande. Com dados de Teleco, analisamos a densidade de aparelhos móveis, bem como suas tecnologias.
Região Sudeste
Estado | Densidade* |
São Paulo | 170,97 |
Rio de Janeiro | 126,66 |
Minas Gerais | 117,32 |
Espírito Santo | 112,76 |
Região Sul
Estado | Densidade* |
Santa Catarina | 127,21 |
Paraná | 124,63 |
Rio Grande do Sul | 123,37 |
Região Centro-Oeste
Estado | Densidade* |
Mato Grosso | 126,25 |
Goiás | 117,15 |
Mato Grosso do Sul | 112,57 |
Distrito Federal | 112,19 |
Região Norte
Estado | Densidade* |
Roraima | 118,05 |
Acre | 98,87 |
Tocantins | 97,21 |
Rondônia | 92,38 |
Amazonas | 89,80 |
Amapá | 89,49 |
Pará | 86,50 |
Região Nordeste
Estado | Densidade* |
Pernambuco | 100,55 |
Paraíba | 100,04 |
Ceará | 99,32 |
Bahia | 96,75 |
Sergipe | 96,03 |
Piauí | 90,61 |
Rio Grande do Norte | 90,14 |
Alagoas | 85,87 |
Maranhão | 77,93 |
*Densidade de celulares por 100 habitantes em junho de 2025.
No comparativo, por exemplo, podemos ver, por região o quanto Norte e Nordeste têm menos aparelhos disponíveis por pessoa:
Região | Média de Densidade* |
Sudeste | 131,93 |
Sul | 125,07 |
Centro-Oeste | 117,04 |
Norte | 96,04 |
Nordeste | 93,03 |
*Média da densidade de celulares por 100 habitantes em junho de 2025.
A densidade de celulares na região Sudeste é 37,37% maior do que na região Norte, por exemplo.
Ranking das regiões por penetração de aparelhos 5G
Além disso, há desigualdade no acesso às melhores velocidades. Quando o assunto é % de aparelhos como tecnologia 5G, Norte e Nordeste continuam atrás.
Posição | Região | % de Aparelhos 5G |
1º | Sudeste | 25,32% |
2º | Centro-Oeste | 21,79% |
3º | Sul | 18,57% |
4º | Norte | 17,97% |
5º | Nordeste | 14,43% |
Da mesma forma, a existência de conexão 5G nas cidades ainda está concentrada nos grandes centros:

América Latina tem queda acentuada no percentual de tráfego orgânico
Quando falamos em percentual do tráfego atribuído ao Orgânico, a América Latina apresenta grande queda no Q2. No último trimestre, o percentual foi de 27% ante aos 32% do período anterior. Ou seja, diferentemente do que o Google tem reiterado, os portais precisam depender menos do orgânico.

Vale ressaltar, como mostrado por PressGazette, a maior parte do tráfego orgânico pertence ao Discover.
Crescimento em tráfego social
Por outro lado, o tráfego social passou de 9% no Q1 para 13% no Q2, um aumento de mais de 40%. Isso mostra que, de alguma maneira, os portais já passam a conseguir mais resultados a partir das mídias sociais.

O movimento deve ser ainda maior nos próximos trimestres, uma vez que o Modo IA ainda não chegou à região. Ele traz impactos ainda maiores para os Publishers, obrigando-os a terem outras estratégias de aquisição, como Social.
O cenário descrito é um claro sinal de alerta para o mercado de conteúdo na América Latina. A queda do tráfego orgânico, combinada com a ascensão do social, não é apenas uma flutuação trimestral, mas o início de uma nova era na distribuição de informação. Essa mudança obriga os portais a saírem da zona de conforto e a investirem ativamente em um portfólio diversificado de aquisição de audiência.
Ignorar essa tendência significa arriscar a relevância e a sustentabilidade, principalmente porque o horizonte já aponta para desafios ainda maiores, como a disrupção causada pela inteligência artificial nos mecanismos de busca. A adaptação não é mais uma questão de “se”, mas de “quando e como”.
Além disso, cabe a sociedade versar sobre a regulação e a monetização de Chats de IA, como ChatGPT e Gemini. Não podemos, simplesmente, permitir que Big Techs usem comercialmente os conteúdos gerados pelos portais sem nenhum tipo de contrapartida.
Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.
- Willian Portohttps://naoeagencia.com.br/author/naoeagencia/
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