A chegada do Modo IA na Busca do Google em português do Brasil marca um passo significativo na evolução da forma como interagimos com a informação na internet.
Anunciado como a “experiência de pesquisa com IA mais poderosa”, o novo recurso, impulsionado por uma versão personalizada do modelo Gemini 2.5, promete transformar buscas complexas em respostas intuitivas, multimodais e ricas em contexto. Entretanto, não sem polêmicas. Uso de IA tem sido acompanhado de respostas incorretas e quedas de tráfego para os portais, principalmente depois de o próprio Google assumir em processo que a Web aberta está em rápido declínio.
O texto de lançamento destaca as funcionalidades que visam melhorar a experiência do usuário: a capacidade de responder a perguntas elaboradas, a interação via texto, voz e imagem (multimodalidade) e a técnica de “desdobramento de pergunta”, que supostamente mergulha mais fundo na web para encontrar conteúdo super relevante. A promessa é de uma busca mais inteligente e completa, capaz de gerar resumos e insights para perguntas que antes exigiriam várias pesquisas.

Desafios e oportunidades
Apesar das inovações e do potencial de otimizar a pesquisa, é fundamental adotar uma postura crítica. A implementação de uma ferramenta como o Modo IA não está isenta de problemas e dilemas que precisam ser discutidos.
1. A questão da veracidade e da confiança O próprio Google reconhece que “nem sempre vamos acertar”. Essa admissão, embora transparente, levanta uma preocupação central: o risco de informações incorretas ou incompletas. Diferentemente de uma lista de links onde o usuário pode comparar fontes, o Modo IA apresenta uma resposta única e aparentemente definitiva. Isso pode levar a um maior consumo de “alucinações” ou imprecisões geradas pela IA, exigindo do usuário um nível de ceticismo e verificação manual que, ironicamente, a ferramenta se propõe a eliminar. A rapidez da resposta pode ser sedutora, mas a precisão é a moeda mais valiosa.

2. O impacto na Web e nos criadores de conteúdo O texto de lançamento afirma que o Modo IA ajuda a “descobrir o melhor da web” e que os cliques em AI Overviews são “mais valiosos”. No entanto, uma análise crítica questiona essa narrativa. Se a IA fornece a resposta completa diretamente no topo da página de resultados, a necessidade de clicar em links pode diminuir drasticamente. Isso representa uma ameaça existencial para criadores de conteúdo, blogueiros e veículos de imprensa que dependem do tráfego orgânico e da receita de publicidade para sustentar seu trabalho. A promessa de “mais valiosos” é questionável se a quantidade de cliques diminuir, potencialmente criando um Google que monopoliza o tráfego e desvaloriza as fontes originais de informação que a própria IA utiliza.
3. O vício em respostas e a perda de curiosidade A busca tradicional incentiva a exploração e a construção do próprio conhecimento. O usuário clica em links, compara opiniões, e decide qual fonte é mais confiável. O Modo IA, por outro lado, pode promover uma dependência da resposta única. Ao receber a informação pronta, o usuário pode perder o hábito de investigar, questionar e aprofundar-se em um tema. Em vez de uma ferramenta de aprendizado, o Modo IA corre o risco de se tornar um atalho para a ignorância, onde a conveniência substitui a compreensão crítica.
O Modo IA é, sem dúvida, um avanço tecnológico impressionante. Ele simplifica tarefas complexas e torna a busca mais acessível. Contudo, é uma tecnologia em estágio inicial que nos força a repensar a nossa relação com a informação. Os desafios relacionados à veracidade, ao impacto no ecossistema da web e à forma como o conhecimento é construído exigem cautela. O sucesso do Modo IA dependerá não apenas de sua capacidade de “acertar”, mas também de como ele se integra de forma responsável no vasto e diverso universo da internet, valorizando não apenas a resposta, mas as fontes que a tornam possível.
Quando começará a funcionar?
O serviço começa a funcionar de forma escalonada a partir de hoje. Além do português brasileiro, estará disponível em Hindi, indonésio, japonês e coreano.
É claro que Não é Agência cobrirá tudo.
Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.
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