O Google tem consistentemente afirmado que a busca por IA oferece uma qualidade superior de tráfego.
Executivos da empresa, como um diretor não revelado do Google, citado pelo Search Engine Journal, e Elizabeth Reid, Head de Busca do Google, em declarações ao Search Engine Land, sugerem que os cliques provenientes da IA são “mais qualificados” e que os usuários passariam “mais tempo no site”.
A lógica é que a IA reduz o atrito para os usuários, incentivando mais buscas e, consequentemente, abrindo novas oportunidades para sites, criadores e editores, com cliques de maior qualidade.
No entanto, a validação ou contestação dessas afirmações tem sido um desafio, pois o Google não oferece a capacidade de diferenciar o tráfego de busca impulsionado por IA do tráfego de busca tradicional em ferramentas como o Search Console ou outras plataformas de análise.
Diante dessa lacuna, a Ahrefs decidiu investigar o comportamento do usuário a partir de outras plataformas de IA importantes. A resposta desmente o que Google tem dito publicamente.
Metodologia da Ahrefs
Entre maio e junho de 2025, a Ahrefs analisou o tráfego de 81.947 sites para compreender como o comportamento do usuário varia dependendo da origem dos visitantes: busca, IA ou todos os canais.
A análise focou em métricas de comportamento do usuário, como visitas médias por página, visitas por duração da sessão, tempo no site e taxa de rejeição, para avaliar a qualidade do “tráfego de IA”.
Para fins do estudo, os canais foram definidos da seguinte forma:
- Tráfego de Busca: Refere-se a visitas onde o domínio de referência é identificado por plataformas de análise como um motor de busca (Google, Bing, Yahoo). Isso pode incluir visitas de recursos de busca impulsionados por IA, como os AI Overviews do Google ou o AI Mode.
- Tráfego de IA: Refere-se especificamente ao tráfego de plataformas de IA conversacionais, como ChatGPT, Perplexity, Copilot e Gemini.
- Tráfego Geral: Representa a média de todos os canais.
O que a Ahrefs encontrou
As descobertas da Ahrefs desafiam a narrativa de que os usuários de LLMs são inerentemente mais engajados em termos de comportamento tradicional no site.
Escute nossa repercussão:
Usuários de IA visitam menos páginas
Visitantes de plataformas de IA comuns, como ChatGPT e Perplexity, visitam, em média, 4 páginas. Isso é 1,2 páginas a menos do que os visitantes de busca e 1,5 páginas a menos do que a média geral de visitantes.

Usuários de IA navegam com menos profundidade
Ao analisar a duração média da sessão dividida pela duração média da página, a Ahrefs observou que os usuários de IA visualizam significativamente menos páginas por unidade de tempo de sessão (2,27) em comparação com o Tráfego de Busca (2,79) e o Tráfego Geral (2,99).

Tempo no Site: uma exceção com ressalvas
Apesar de navegarem menos profundamente, os visitantes de IA gastam um pouco mais de tempo no site – oito segundos a mais, para ser preciso.
No entanto, como já mencionado, eles exploram menos páginas no geral. Isso sugere que o tempo deles é mais concentrado em poucas peças de conteúdo, resultando em sessões mais longas em duração, mas mais superficiais em profundidade.
Uma interpretação possível é que os usuários de IA chegam com uma intenção mais clara, já tendo feito sua pesquisa via IA, e assim, não precisam clicar em várias páginas para encontrar o que procuram.
Usuários de IA tem maior taxa de rejeição
Os dados da Ahrefs também revelam que os visitantes de IA são 4,1% mais propensos a rejeitar (bounce) do que um usuário de busca e 5,4% mais propensos a rejeitar do que o usuário médio em geral.
Isso reforça a ideia de que os usuários de IA têm menos intenção de navegar e explorar. Se um usuário chega, passa de 60 a 90 segundos e sai, há duas razões possíveis:
- Encontraram o que procuravam: O usuário visitou o site e o conteúdo atendeu plenamente às suas expectativas. A Ahrefs observou que seus visitantes de IA convertem a uma taxa 23 vezes maior do que os visitantes de busca orgânica.
- Ficaram insatisfeitos e saíram: Por outro lado, altas taxas de rejeição também podem sinalizar insatisfação. Se o que o usuário vê não corresponde imediatamente às suas expectativas, ele pode rejeitar, especialmente se o conteúdo ou a experiência no site não estiverem otimizados para esses usuários.

Discussão
Então, o tráfego de IA é realmente de melhor qualidade? Do ponto de vista do comportamento do usuário, a resposta do estudo é que isso não ocorre, ao menos da forma esperada. A única métrica em que os usuários de IA se destacaram foi o tempo no site – e não por uma margem significativa.
Altas taxas de rejeição, poucas páginas por sessão e um tempo no site ligeiramente maior apontam para um comportamento de validação de informações ou que se encerram ao terminar a pesquisa. Isso sugere que, embora os usuários de IA possam ter uma intenção mais focada, eles não se engajam com o site da mesma forma que os usuários de busca tradicionais.
O papel do Google
Por um lado, se os usuários se engajam brevemente e saem, isso não é necessariamente um sinal negativo, mas sim um contexto diferente. Por outro, isso requer que o Google tenha mais dados públicos e conectados com a realidade dos editores.
Uma vez vindo a público, os profissionais da empresa deveriam se negar em falar sobre os casos ou entrar em detalhes. Trazer novas visões que possam ser confirmadas pelos editores. Que cada um possa olhar para seus próprios números e dizer “bem, talvez eles tenham razão neste ponto“.
Mais do que isso, precisávamos de honestidade por parte do Google. Mentir ou trazes falas desconexas não ajuda na situação. Recentemente, um executivo do Google chegou a duvidar das metodologias empregadas pelos diversos estudos.
Pode até moldar, inicialmente, o discurso majoritário. Mas, em longo prazo, tanto quem divulgou as notas oficiais como verdade, quanto a própria empresa saem prejudicados.
Publisher do "Não é Agência!" e Especialista de SEO, Willian Porto tem mais de 21 anos de experiência em projetos de aquisição orgânica. Especializado em Portais de Notícias, também participou de projetos em e-commerces, como Americanas, Shoptime, Bosch e Trocafone.
- Willian Portohttps://naoeagencia.com.br/author/naoeagencia/
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